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Júlio Faerman, Luís Eduardo Barbosa e João Vaccari Neto,  em  suas identidades secretas descobertas pela Lava Jato. | Bennet
Júlio Faerman, Luís Eduardo Barbosa e João Vaccari Neto, em suas identidades secretas descobertas pela Lava Jato.| Foto: Bennet

A Lava Jato, maior operação contra a corrupção já realizada no país, guarda curiosidades e alguns segredos ainda não desvendados. Um dos mistérios gira em torno das identidades de “Tigrão”, “Melancia” e “Eucalipto”, como eram chamados os “emissários” de Renato Duque e Pedro Barusco, ex-diretor e ex-gerente de serviços da Petrobras, respectivamente.

Os apelidos foram tema, inclusive, de acareação entre os empresários Augusto Mendonça e Julio Camargo, delatores da Lava Jato, na CPI da Petrobras. Eles disseram ter sido procurados por homens em nome de Duque e Barusco, mas afirmaram desconhecer a verdadeira identidade dos transportadores de valores.

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Há outros apelidos entre investigados pela Lava Jato, usados principalmente para identificação em planilhas de pagamento de propina. Os codinomes vão desde abreviações – como PR para o ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa –, até apelidos mais elaborados – como Moch, identificação do ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.

Veja alguns dos principais apelidos de envolvidos na Lava Jato:

Primo ou BBB

Youssef, o principal operador do esquema de corrupção e, nas horas vagas, criador de apelidos para seus comparsas.Rodolfo Bührer/ Reuters

Peça central e um dos principais delatores da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef era conhecido como “Primo” nos bastidores da corrupção. O apelido foi registrado em conversas e planilhas de pagamento de propina de empresas. Youssef também era identificado como BBB. Além de ter seus próprios apelidos, o doleiro também tinha o costume de criar identificações. Aos políticos beneficiados pelo esquema, ele dava o codinome de “bandidos”.

Moch

Bennet

Nas planilhas de pagamento de propina feitas pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, o codinome aparece como referência ao ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto. Em depoimento, o ex-gerente disse que o apelido é uma referência à “mochila”sempre carregada por Vaccari. Em mensagens do empreiteiro Marcelo Odebrecht, Vaccari também é identificado como “Vaca”.

Véio

Por ser o funcionário mais antigo do doleiro Alberto Youssef, o delator Rafael Ângulo Lopes era identificado por esse apelido.

Greta Garbo, Cameron Diaz ou Angelina Jolie

Nelma Kodama, mas pode chamar também de Angelina, Cameron ou Greta.

Talvez a campeã de apelidos entre envolvidos na Lava Jato seja a doleira Nelma Kodama. Em operações financeiras e troca de mensagens, ela sempre utilizava codinomes de atrizes famosas.

My Way

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O título da famosa música de Frank Sinatra, que deu nome à 9ª fase da Operação Lava Jato, era como o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco se referia ao ex-diretor da estatal Renato Duque. Já o operador Shinko Nakandakari chamava Duque de “Amigão”.

MZB

Seria uma abreviação para “Muzamba”, um dos codinomes de identificação de um ex-presidente da Sete Brasil, Eduardo Musa.

Marshall

As planilhas do ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco traziam esse apelido – uma referência ao ex-presidente da Sete Brasil, João Carlos Ferraz, também identificado pela abreviação “Mars”.

Bebê Johnson

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Em mensagens de celular do doleiro Alberto Youssef, o apelido aparece como referência ao ex-deputado Luiz Argôlo (afastado do SD-BA), que também trocava mensagens carinhosas com o doleiro, como “Eu te amo”.

Leitoso

O doleiro Alberto Youssef usava o codinome para falar do ex-dirigente da Camargo Corrêa Eduardo Leite, um dos responsáveis por liberar propina a políticos e diretores da Petrobras.

Sabrina

Bennet

O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, outro dos principais delatores da Lava Jato, usava esse nome
em lembrança a uma ex-namorada – o apelido aparece em planilhas com o balanço da distribuição de propinas da estatal.

Sansão

É a identificação de um interlocutor pego em um telefonema com o almirante Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear, em grampos feitos pela Polícia Federal pouco antes de o militar ser preso. Na conversa, ambos falam da delação premiada do ex-presidente da construtora Camargo Corrêa Dalton Avancini, que citou o nome de Pinheiro em depoimento. Na escuta, o ex-presidente da Eletronuclear chama Avancini de “f.d.p”. Não se sabe, porém, quem é Sansão.

Vô ou JP

JP, funcionário de Youssef.

Eram as identificações usadas para outro funcionário do doleiro Alberto Youssef, João Procópio Junqueira Prado.

Olheiro

Adarico: motorista de Youssef e irmão de ex-ministro, foi preso e depois absolvido.Aniele Nascimento/Gazeta do Povo

O doleiro Alberto Youssef gostava de apelidar seus funcionários. Esse era usado para identificar o motorista do doleiro, Adarico Negromonte Filho, irmão do ex-ministro das Cidades Mário Negromonte. Adarico chegou a ser preso na Lava Jato, mas foi absolvido das acusações.

Batman e Robin

Bennet

O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco revelou os apelidos de outros dois envolvidos na Lava Jato: o operador Júlio Faerman e seu sócio Luís Eduardo Barbosa – respectivamente Batman e Robin, já que sempre andavam juntos.

PAM

Mário Góes, um dos operadores do esquema.

É como o operador do esquema Mário Góes é identificado pelo ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, segundo depoimentos dele.

PR

Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, se tornou o primeiro delator da Lava Jato.Ueslei Marcelino/Reuters

As iniciais fazem referência ao ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, e também aparecem em planilhas usadas para registrar as propinas.

Mercedão

João Gebu, ex-assessor do PP: fã de carros Mercedes-Benz.Reprodução

Era o codinome de João Claudio Genu, ex-assessor do PP que teria arrecadado propina em nome do partido. O apelido seria uma referência ao apreço de Genu por carros da marca Mercedes-Benz. Nas planilhas de distribuição de propina, ele também aparece como João, Gordo ou Ronaldo.

Brahma

A marca de cerveja era utilizada como referência ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em mensagens de texto trocadas entre executivos da empreiteira OAS.

JPI

É o codinome dado ao lobista do esquema Júlio Camargo, que seria um dos coordenadores dos desvios na Petrobras.

Julio Camargo, um dos coordenadores do esquema da Petrobras.

BOB

Um dos últimos presos da Lava Jato, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu aparece com essa identificação na contabilidade do consultor Julio Camargo. O codinome também foi relatado na delação de Alberto Youssef e é uma referência a Bob Marques, ex-assessor de Dirceu, também preso pela Lava Jato.

Zé Dirceu: preso no Mensalão e preso na Lava Jato.Nacho Doce/Reuters

Tigrão, Melancia e Eucalipto

Bennet

Os apelidos são referências a “transportadores” de valores obtidos em forma de propina em nome dos ex-dirigentes da Petrobras Renato Duque e Pedro Barusco. Mas ainda não há informações sobre as verdadeiras identidades deles.

* Esta reportagem foi atualizada às 12h50 de 11/10/2015 corrigindo a publicação incorreta da foto do prefeito de Pelotas, Eduardo Leite, homônimo do executivo da Camargo Corrêa citado no texto.

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