O ato de mandar beijos ao encerrar um e-mail virou um tema central na argumentação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para absolver ou condenar Geiza Dias, ex-assistente financeira da agência SMP&B. A saudação era usada frequentemente por ela ao encaminhar ao Banco Rural ordens para saques milionários no esquema do mensalão. Para alguns dos magistrados, a conduta mostra que ela não teria conhecimento da gravidade do crime. Para outros, justamente o contrário.

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O primeiro a citar os beijos de Geiza foi o revisor, Ricardo Lewandowski. Ele defendeu a absolvição da ex-funcionária, que já foi descrita como "mequetrefe" pela sua própria defesa. "Será que alguém que está fazendo lavagem de dinheiro, alguém que tem um esquema criminoso por trás de suas ações, vai agir de forma tão desabrida e transparente?".

O argumento foi usado nesta quinta por mais dois ministros para absolver, Rosa Weber e José Antonio Dias Toffoli. Este, aliás, citou a Bíblia ao falar do tema: "Só conheço uma pessoa condenada por um beijo, foi Jesus Cristo. O fato de mandar beijo não é motivo para condenar".

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Para o ministro Luiz Fux, porém, os e-mails ajudaram a condenar. Ele mencionou o depoimento de outro citado no esquema que dizia temer sofrer um enfarte tamanha a pressão a que estava submetido. "Quem tem enfarte não manda beijo e quem manda beijo não tem enfarte". Mais adiante, Fux interveio para rebater Toffoli em tom de galhofa: "O ministro Toffoli disse que ela seria condenada por um beijo. Se for, seria como, na máfia, um beijo da morte no final dos e-mails".