São Paulo (AE) – A estabilização da imagem do presidente Lula e de seu governo, atestada esta semana por uma pesquisa do Ibope, é, na verdade, uma média entre o aumento da aprovação nos segmentos menos instruídos e de renda mais baixa, e o aumento da desaprovação nos segmentos mais instruídos e de renda mais alta. Os mais generosos com o presidente estão na base da pirâmide social e os especialistas explicam que a opinião desses segmentos é influenciada por dois fatores: os benefícios que recebem dos programas sociais do governo e o pouco acesso à informação.

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Esse público tem uma característica peculiar, diz a diretora do Ibope Márcia Cavallari: "Nele os efeitos dos programas sociais é direto". Ela opina que o programa Bolsa-Família, que já atende a 7,5 milhões de famílias pobres (em torno de 30 milhões de pessoas), acaba influenciando a avaliação que esses segmentos fazem do governo Lula;mesmo que esses segmentos tenham pouco acesso à informação. O cientista político Gustavo Venturi, diretor da Criterium, concorda com ela e chama a atenção para o fato de que a longa crise está entediando as pessoas. "Elas estão se dando conta de que a economia segue bem e não fez o mundo desabar sobre suas cabeças", diz.

Já o cientista político Antônio Lavareda, diretor da MCI Estratégia, que analisa as pesquisas CNI/Ibope, discorda. Ele acha que a piora nos segmentos mais instruídos e no topo da pirâmide salarial ainda vai transferir fel para os segmentos mais abaixo: "O topo da pirâmide educacional e de renda é também o topo da pirâmide da informação. Nela, a direção da influência e dos movimentos futuros é top-down (de cima para baixo)", disse. Para ele, é razoável imaginar que o governo Lula ainda tem resíduos para perder nos próximos meses.

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Num aspecto, todos concordam: o grande alicerce de sustentação do governo Lula tem sido a fiel base da pirâmide. As localizações desses 30 milhões de pessoas (35 milhões, em dezembro) nos mapas geográfico e social coincide precisamente com os espaços em que o governo Lula, nos momentos mais críticos sempre auferiu mais aprovação e menos desaprovação.