Berço da Operação Lava Jato, Curitiba se transformará em um “reduto lulista” por pelo menos uma semana entre o final de abril e o começo de maio. Uma greve geral convocada para o dia 28 e as comemorações dos trabalhadores no 1.º de maio culminarão em atos durante o depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao juiz federal Sergio Moro, marcado para o dia 3. De quebra, temas locais entrarão em pauta, como os dois anos da Batalha do Centro Cívico e as denúncias de supostas irregularidades envolvendo o nome do governador Beto Richa (PSDB).
Focadas em ataques às reformas propostas pelo presidente Michel Temer (PMDB) - mas também com defesa de Lula -, as manifestações, pela proximidade de datas, levarão a uma espécie de protestos permanentes na capital do estado. Para o dia 28 deste mês, uma sexta-feira, centrais sindicais convocaram uma paralisação nacional, que contará com a adesão de bancários, petroleiros, aeroviários e diversas outras categorias.
Os professores da rede estadual já decidiram que irão aderir à greve nesse dia e, de quebra, ainda lembrarão o confronto entre docentes e a polícia militar, ocorrido em 29 de abril de 2015 e que terminou com 213 pessoas feridas. O ato será realizado a partir das 9 horas em frente ao Palácio Iguaçu, local onde houve o episódio em meio a tentativas de barrar alterações na previdência estadual.
A promessa dos servidores é também dar destaque a escândalos do governo Richa, como a Operação Quadro Negro, que apura desvio de recursos de obras em escolas; a Operação Publicano, que investiga um esquema fraudulento na Receita Estadual; o suposto envolvimento do tucano em irregularidades na concessão de licenças ambientais na região do Porto de Paranaguá; e a presença do nome dele na “segunda lista de Janot”, que envolve doações de caixa 2 feitas pela empreiteira Odebrecht a políticos de todo o Brasil.
Mais protestos
Já as manifestações do 1.º de maio, uma segunda-feira, estão programadas para as 14 horas, na Boca Maldita. O mote dos movimentos serão as críticas às reformas trabalhista e previdenciária e à lei da terceirização, sob o slogan “Nenhum direito a menos”. “Aos poucos a população está sentindo os efeitos perversos das medidas implantadas por esse governo golpista que está aí”, afirma Roberto Baggio, um dos coordenadores do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
O maior número de pessoas, no entanto, é aguardado para 3 de maio, uma quarta-feira, em frente ao prédio da Justiça Federal, no bairro Ahú. Neste dia, está agendado o depoimento de Lula a Moro, a partir das 14 horas, no processo em que ele é réu sobre a compra de um tríplex no Guarujá no âmbito da Operação Lava Jato. Essa será a primeira vez que os dois ficarão frente a frente.
Movimentos de esquerda projetam trazer até 60 mil pessoas de todo o país a Curitiba para defender o ex-presidente. É certo, no entanto, que encontrarão um grupo considerável de manifestantes que também devem marcar presença a favor do trabalho de Moro. No Facebook, há dezenas de eventos de ambos os lados convocando internautas a aderirem às manifestações.