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O candidato do Campo Majoritário a presidente do PT, o ex-ministro Ricardo Berzoni, votou por volta das 10h deste domingo num colégio na zona sul de São Paulo e, embora mostrasse confiança em vencer o pleito no primeiro turno, admitiu a possibilidade de que haja segundo turno. Segundo ele, a margem de diferença entre ele e o segundo colocado deverá ser muito pequena.

Apesar de não existirem pesquisas, todos os prognósticos apontam mesmo para um segundo turno, que deverá acontecer no dia 9 de outubro, entre os dois candidatos mais votados neste domingo. Os primeiros resultados deverão ser divulgados na segunda-feira, por volta do meio-dia, na sede do diretório nacional, em São Paulo.

Cerca de 800 mil petistas estavam habilitados para votar neste domingo, em todo o Brasil, em uma eleição que pode acabar com dez anos de hegemonia do Campo Majoritário, corrente que dominou o PT sob a liderança do ex-ministro José Dirceu. A eleição será marcada pela crise que levou à queda da cúpula anterior: saíram o presidente José Genoino, o tesoureiro Delúbio Soares, o secretário-geral Sílvio Pereira, e o secretário de Comunicação Marcelo Sereno.

Ao votar em Fortaleza, o tesoureiro nacional do PT, deputado federal José Pimentel (PT-CE), disse que crise não é resultado de desvios morais, mas do sistema de financiamento de campanha do Brasil, que é corrupto. Segundo Pimentel, muitas empresas não registram as doações para evitar filas de pedidos em suas portas e acusou que há também meia dúzia de maus empresários sonegadores. Ele assumiu o cargo com o afastamento de Delúbio Soares.

Em nível nacional, os petistas votarão duas vezes. Uma para escolher o presidente. Outra nas chapas para o diretório nacional. As 81 vagas no diretório serão preenchidas proporcionalmente, conforme a votação de cada chapa. Com a crise desencadeada pelo escândalo do mensalão, o Campo Majoritário perdeu prestígio e deve ficar sem a maioria absoluta das cadeiras no diretório, que é a instância responsável por determinar as linhas políticas do partido e possíveis punições, entre outras atribuições.

- Isso é muito saudável. A crise pelo menos já trouxe uma conseqüência positiva para o PT - disse o coordenador do Processo de Eleições Diretas (PED), Francisco Campos.

Não à toa, o presidente interino do partido, Tarso Genro, considerou o PED como o momento mais importante do partido desde a sua fundação, 25 anos atrás.

- Concordo. É um momento dentro da crise de pensamento e reflexão. Para um partido político, 25 anos é pouco tempo, mas para o PT é um excelente momento de reflexão - disse Plínio de Arruda Sampaio, candidato à presidência do PT com apoio da radical Ação Popular Socialista.

Além dele e de Ricardo Berzoini, outros cinc candidatos disputam a presidência do partido. Valter Pomar representa a Articulação de Esquerda, a deputada Maria do Rosário disputa pelo Movimento PT, o ex-prefeito de Porto Alegre Raul Pont defende a Democracia Socialista, Markus Sokol é o escolhido dos trotskistas de O Trabalho e Luiz Gonzaga Batista, o Gegê, é candidato independente.

Como não existem pesquisas no PED, os petistas contam as garrafas, o que no jargão do partido significa consultar os principais líderes locais. Na contagem de garrafas petistas, Berzoini está na frente, mas não ganha no primeiro turno. Os principais candidatos a adversário de Berzoini no segundo turno são Pont e Pomar, que têm o amparo de duas das mais importantes correntes de esquerda do partido.

A corrente dominante tem se mobilizado em favor de Berzoini. Flagrados sacando dinheiro das contas de Marcos Valério, os deputados João Paulo Cunha e Professor Luizinho, que estavam afastados do processo enquanto cuidam das próprias defesas, reuniram suas bases em Osasco e no ABC, respectivamente, para pedir votos para Berzoini, na semana passada.

Alguns líderes do Campo Majoritário como o prefeito de Recife, João Paulo, e a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, estão apoiando Pomar. Além de disputas eleitorais locais, eles temem que Plínio seja o adversário de Berzoini no segundo turno e leve o partido para uma posição de confronto com o governo, principalmente quanto à política econômica.

Estará em jogo a posição do PT frente ao governo Luiz Inácio Lula da Silva. Ao escolherem suas chapas, os petistas estarão votando também em teses. A vencedora guiará a construção do programa petista para os próximos quatro anos e a maioria delas traz duras críticas e pede mudanças nas políticas econômicas e de alianças.

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