Mesmo reconhecendo não ser uma unanimidade no Campo Majoritário, tendência que domina o PT há dez anos, o secretário-geral do partido, Ricardo Berzoini, deve ser indicado entre hoje e amanhã para substituir Tarso Genro na cabeça da chapa da tendência que disputará a presidência do partido no processo de eleição direta, que acontecerá no dia 18 de setembro. Segundo Berzoini, tudo indica que Tarso Genro desistirá mesmo de ser o candidato, por causa do impasse criado com o deputado José Dirceu (PT-SP), que insiste em permanecer na chapa do Campo Majoritário.

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- Pessoalmente, prefiro que Tarso continue na disputa, mas se ele desistir, boto meu nome à disposição do Campo Majoritário para ser o candidato. Não fugirei a essa responsabilidade - disse Berzoini ontem.

Tarso estava em Porto Alegre e não quis dar entrevista. Berzoini explicou por que não é uma unanimidade no Campo Majoritário:

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- Tem muita gente que gosta de mim e muitos que não gostam. Sempre explicitei minhas opiniões contrárias à política econômica do governo e por isso não sou uma unanimidade no partido - disse.

Entre as coisas que ele considera erradas na economia, citou a alta taxa de juros e o elevado superávit primário:

- Acho um exagero essa política de juros e não concordo com a política do superávit primário. Não é que os 4,25% de superávit sejam altos demais. Mas se é para ser 4,25% do PIB, que seja isso e não 5% como chegou a ser agora em julho. Sei que, por essas críticas, a apresentação do meu nome não é uma coisa tão simples. Mas botei meu nome à disposição. Outros citados, como Luiz Dulci (secretário-geral da Presidência) e Marco Aurélio Garcia (assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva), alegaram compromissos pessoais para não aceitar a tarefa e hoje meu nome passa a ser o mais cotado para substituir Tarso.

Para Berzoini, Tarso inviabilizou a manutenção de sua candidatura a presidente ao impor a saída de Dirceu da chapa:

- Também acho que a nova direção não pode ter a influência dos antigos dirigentes. Não estou dizendo com isso que Dirceu seja culpado pela crise, até porque as investigações ainda não terminaram, as CPIs não concluíram seus trabalhos e o Conselho de Ética da Câmara não tomou uma posição final, mas acho que ele tinha que sair. De qualquer forma, Tarso não poderia criar esse clima de impasse, tipo ou ele ou eu. Isso não é bom para o partido.

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Entendendo que a permanência de Dirceu na chapa pode trazer prejuízos para o Campo Majoritário no embate com a esquerda na eleição interna, Berzoini lembrou que o deputado tem uma importância histórica no partido:

- Antes das decisões das CPIs ou do Conselho de Ética, não dá para se dar um veredito sobre Dirceu. Ele ainda não é rejeitado no partido.

Se for candidato a presidente do PT, e se for eleito, como ressalva, Berzoini acredita que terá uma tarefa árdua para recuperar a imagem do partido e conduzi-lo nas eleições do ano que vem. Ele afirma que Lula poderá se recuperar e se reeleger presidente desde que mostre firmeza nas atitudes:

- Ele é um dos políticos mais respeitados do Brasil. Mas para ser competitivo em 2006, terá que sair desta crise maior do que entrou. Não pode mais se apresentar como o candidato de um partido de puros e honestos, mas de um partido que cometeu erros e que é dirigido por seres humanos como outro qualquer.

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