Richa: nos bastidores, especula-se que ampliação do espaço político no governo servirá para garantir mais alianças em 2014, quando o governador concorrerá à reeleição| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo
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Com a reforma no secretariado anunciada na quarta-feira, o governador Beto Richa (PSDB) reforçou a participação de várias legendas da base aliada no governo estadual. PSD, PPS e PSB ganharam mais uma secretaria cada. Já o PSC recebeu sua primeira pasta nesta gestão. Especula-se ainda que o PMDB deva ganhar também mais secretarias – o anúncio deve ficar para a próxima segunda-feira. Por outro lado, os técnicos perderam espaço no primeiro escalão. Nos bastidores, especula-se que as mudanças foram feitas para garantir uma aliança maior para a eleição de 2014, quando Richa deve concorrer à reeleição.

Confira a divisão por partido do primeiro escalão estadual

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Com a indicação de Reinhold Stephanes para a Casa Civil, o PSD acumula duas pastas no secretariado. Antes disso, o partido já tinha a Secretaria de Turismo. Segundo Stephanes, que já foi ministro e secretário de estado em diversas ocasiões, o principal motivo de sua indicação é sua experiência política, e não houve uma reivindicação da legenda pela cadeira. "O partido já estava integrado ao governo; a maioria dos membros tem uma ligação com o governador", disse Stephanes.

Já o PSB retomou o comando da pasta de Relações com a Comunidade, que já foi do partido no início do governo Richa. Ocupada por Wilson Quinteiro até abril do ano passado, ela será comandada por Ubirajara Schreider, presidente da legenda em Curitiba. O PSB já controlava a Secretaria Especial para Assuntos da Copa, com Mário Celso Cunha. Também ganharam secretarias o PSC e o PPS.

O aumento do espaço dos partidos foi feito de duas maneiras: criando novas secretarias e avançando sobre pastas ocupadas por quadros tidos como "técnicos". Duas secretarias especiais foram criadas para abrigar o PPS: a de Governo, que será comandada por Cezar Silvestri, e a dos Direitos das Pessoas com Deficiência, que irá para o vereador curitibano Zé Maria.

A Secretaria de Governo deve absorver parte das atribuições da Casa Civil. Segundo Silvestri, o que deve ficar com cada secretaria será definido em uma reunião com Stephanes, na próxima semana. Já a Secretaria de Direitos das Pessoas com Deficiência, segundo Zé Maria, é uma promessa de campanha, que já estava no plano de governo de Richa.

As chamadas "indicações técnicas" perderam espaço nesta reforma do secretariado. Ex-secretário de Administração e titular da Casa Civil, Luiz Eduardo Sebastiani foi relocado para uma diretoria da Copel. Lindolfo Zimmer foi retirado da presidência da Copel para que Fernando Ghignone, presidente do PSDB de Curitiba e atual presidente da Sanepar, fosse indicado para o cargo. Zimmer é funcionário de carreira da Copel aposentado.

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Além dos quatro partidos que já ganharam cargos, o PMDB também deve ter mais espaço no governo. Um dos principais motivos para a reforma, aliás, era justamente aproximar o partido do governo do estado e pavimentar o caminho para uma aliança em 2014. As negociações, entretanto, emperraram e devem ser concluídas na semana que vem.

Sucessão estadual

Ratinho Júnior nega que sua nomeação tenha relação com 2014

Recém-nomeado secretário do Desenvolvimento Urbano, o deputado federal Ratinho Júnior (PSC) nega que sua entrada no governo estadual esteja condicionada à sua participação em 2014 na chapa do governador Beto Richa (PSDB), conforme havia sido especulado. "Em nenhum momento ele [Richa] tocou nesse assunto", afirmou Ratinho Júnior. Ele disse, entretanto, que o apoio seria um "caminho natural".

O deputado disse também que não vê estranheza em aderir ao grupo político do governador. Para ele, os desentendimentos com o grupo de Richa ficaram no primeiro turno das eleições municipais do ano passado. O deputado diz que manteve uma boa relação com o governador mesmo durante a campanha, e que seu partido sempre esteve na base de apoio do governo estadual.

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Durante a campanha de 2012, Ratinho foi uma das maiores pedras no sapato do então prefeito Luciano Ducci (PSB), apoiado por Richa. O pai do deputado, o apresentador Ratinho, chegou a dizer que os "cuecas de seda" da prefeitura estavam "se borrando de medo" de seu filho, se referindo ao grupo político de Ducci e Richa. Em troca, o então prefeito acusou, em inúmeras ocasiões, Ratinho de ser inexperiente – veiculando inclusive uma campanha na qual o "comandante Júnior" tinha dificuldades em fazer um avião decolar.

"Meu desentendimento não foi com o governador, e sim com o Luciano [Ducci]", disse Ratinho Júnior. Ele afirmou também que as críticas que fez à gestão da prefeitura se referiam ao período no qual ela foi comandada por Ducci – que assumiu em 2010, quando Richa se candidatou ao governo do estado. O deputado garantiu ser grato a Richa pela sua neutralidade durante o segundo turno. "O governador não se posicionou, mas as pessoas ligadas a ele vieram me apoiar, e ele não viu problemas nisso."