JANEIRO
Ao tomar posse, o governador Beto Richa toma medidas de austeridade, com a publicação de 18 decretos determinando corte de gastos e que deram amplos poderes para o secretário da Fazenda, Mauro Ricardo Costa. Este já vinha atuando com o governo desde o fim do ano anterior e foi mentor de medidas impopulares, mas importantes para reforçar o caixa, como o aumento de 40% no IPVA e nas alíquotas do ICMS. A medida de contenção de gastos, porém, não foi aplicada sobre os salários do governador e deputados, que tiveram um reajuste automático em 2015, ao mesmo tempo em que não havia dinheiro para despesas básicas. No fim do mês, é preso o fotógrafo Marcelo Caramori, assessor da gestão Richa, suspeito de envolvimento em exploração sexual de crianças e adolescentes em Londrina.
FEVEREIRO
No início de fevereiro, o governo estadual anunciou novo pacote para cortar gastos e aumentar a arrecadação, entre as quais mudança no Paranáprevidência, com extinção do fundo previdenciário de longo prazo, com a função de servir de poupança para os desembolsos futuros. Essas medidas, aliadas a falta de repasse para escolas, que estavam sem condições estruturais para dar início às aulas, motivou os professores da rede estadual a entrar em greve. A OAB também se colocou contrária ao pacote de Richa. Centenas de manifestantes protestaram em frente à Assembleia e, como os deputados pretendiam aplicar o rito do “tratoraço” para aprovar as medidas impopulares, um grupo invadiu o plenário da Casa, inviabilizando as medidas e provocando alterações no projeto do governo.
MARÇO
Depois de aplicar aumento nos impostos e propor um “pacote de maldades”, Beto Richa viu sua popularidade cair vertiginosamente. Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas divulgado no início do mês, a proporção de paranaenses que aprovava sua gestão caiu de 65,4% em dezembro para 19,9%. Dias depois, Luiz Abi Antoun, um parente distante de Richa, atuante nos bastidores do Palácio das Araucárias, foi preso, suspeito de participar da fraude de uma licitação de R$ 1,5 milhão para o conserto de carros da frota estadual. No fim de março, mais uma situação crítica vem à tona: o novo pacote enviado à Assembleia libera o governo a cometer uma contabilidade criativa retroativa a 2014, estratégia usada pelo governo federal e bastante criticada.
ABRIL
Os professores da rede estadual, que estavam trabalhando desde o começo do março, retomaram a greve em abril, por causa do pacote de Richa. Docentes das universidades estaduais e algumas outras categorias de servidores se juntam ao movimento grevista. Antevendo protestos, a Assembleia solicitou mais segurança, e o governo convocou policiais para fazer um cordão de isolamento. Decisão judicial permitiu o fechamento de galerias, impedindo a livre manifestação. No dia 29 de abril, dia crucial para votação, manifestantes tentaram quebrar o cordão de isolamento. Em reação, os 1,6 mil policiais no local deram início ao que se assemelhou a uma batalha campal, com 213 feridos por balas de borracha, estilhaços de bomba, spray de pimenta e gás lacrimogênio. Richa culpou “arruaceiros” e black bloks pelo ocorrido – fato nunca comprovado pelas investigações – e isentou os policiais de culpa.
JUNHO
Em junho o Gaeco começou a dar passos importantes na Operação Publicano, que investiga ação de uma quadrilha que praticava sonegação fiscal mediante o pagamento de propina, sob o comando de Luiz Abi Antoun. Parte do dinheiro teria ido para a campanha do governador e outros deputados. Marcelo Caramori, preso desde janeiro. Em junho, todos os que ocuparam o cargo de inspetor-geral de fiscalização na Receita Estadual no primeiro mandato de Richa estavam presos, entre eles Márcio de Albuquerque Lima, companheiro de corrida do governador. Na área de educação, foi deflagrada a Operação Quadro Negro, que investiga suspeitas de fraudes em obras de escolas da rede estadual, em contratos de R$ 30 milhões.
OUTUBRO
Em viagem ao exterior, Beto Richa e a mulher, Fernanda, ficaram um fim de semana em Paris, sem agenda oficial, alegando que não havia voo direto para China. E, enquanto Dilma Rousseff era alvo de novos pedidos de impeachment por “pedaladas fiscais” no orçamento, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas (MPjTC) solicitou a rejeição das contas da gestão de Richa em 2014 por descumprimento de metas fiscais – algo também qualificado como uma “pedalada”. O Paraná tinha como meta superávit de R$ 2,4 bilhões, de acordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias, mas teve déficit de R$ 934,2 milhões. Para não contrariar a lei, o governo mudou a meta para déficit. Em novembro, o Tribunal de Contas do Paraná aprovou as contas de Richa.
DEZEMBRO
Esses acontecimentos todos arranharam a imagem de Richa. Mesmo com as perspectivas positivas de obras e investimentos nos próximos meses – graças ao aumento de arrecadação pela alta dos impostos e pela redução de despesas – a proporção de pessoas que aprova a gestão do tucano está em 24,4%, segundo o Instituto Paraná Pesquisas. Um ano antes, o índice era de 65,4%.