O bispo do Xingu, dom Erwin Kräutler, reafirmou nesta sexta-feira que mais pessoas estão envolvidas na morte da missionária norte-americana Dorothy Stang, além daquelas já apontadas pela Justiça.
- Para mim as investigações não acabaram. Tem muita gente ainda que precisa dar explicações - disse o bispo em entrevista à Agência Brasil.
Dom Erwin contou que conhecia bastante a freira e que foi ele quem a admitiu, em 1982, para trabalhar na região. O bispo sabia que a missionária estava sendo ameaçada.
- A irmã Dorothy defendeu nada mais, nada menos que a própria decisão do governo de implantar os projetos de desenvolvimento sustentável, mas isso contrariou os interesses, a ganância e a ambição de fazendeiros e madeireiros. Então, ela se tornou uma pessoa hostilizada, odiada - destacou.
O bispo lembrou que, quando a missionária foi assassinada, "teve gente que queimou fogos em comemoração".
- Trata-se de um consórcio que preparou até os mínimos detalhes o assassinato da irmã - ressaltou D. Erwin.
Ele disse que reafirmou a existência do consórcio durante a homilia da missa do último dia 12, data em que completou-se um ano da morte e Dorothy Stang. Na ocasião, o bispo apelou para a Justiça "aprofundar as investigações e ampliar o inquérito policial".
Um dia depois, o jornal O Estado de S. Paulo publicou uma matéria afirmando que dom Erwin Kräutler teria falado em "uma manobra dos governo federal e do Estado do Pará, com cumplicidade da Justiça, para encerrar as investigações do assassinato da irmã Dorothy Stang, sem que todos os responsáveis sejam identificados e processados".
A matéria provocou reação do presidente do Tribunal de Justiça do Pará, desembargador Milton Augusto de Brito Nobre, que chegou a convocar o bispo para explicar as afirmações. Dom Erwin nega que tenha falado isso.
Um dos promotores que investigam o crime, Lauro Freitas Júnior, lembrou nesta sexta-feira que o Ministério Público foi a primeira instância a cogitar a existência de um "consórcio" para planejar o assassinato da freira.
- Mas o que ocorre é que não houve como levantar provas suficientes para incriminar outras pessoas. A nossa idéia é que, com o decorrer das condenações, esses que fazem parte da cadeia possam vir a elucidar cada vez mais esse crime - afirmou.
Em dezembro de 2005, o assassino confesso da freira, Rayfran das Neves, foi condenado a 27 anos de prisão e outro envolvido, Clodoaldo Batista, a 18 anos de prisão. Os outros três acusados de participação no crime ainda não foram a julgamento. Em abril, deverá ser julgado o acusado de intermediar a execução, Amair Feijoli da Cunha, conhecido como Tato.
O promotor disse que ainda não há previsão para o julgamento dos fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida, e Regivaldo Galvão. Os três aguardam o julgamento na cadeia.
Dorothy Stang foi assassinada com seis tiros a 40 quilômetros de Anapu (PA). A missionária norte-americana realizava, há 20 anos, trabalhos sociais na região, onde predominam conflitos de terra envolvendo trabalhadores rurais, grileiros e fazendeiros.
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