Planalto age para esvaziar blocão de rebelados na Câmara
Em meio à ameaça de rebelião em sua base legislativa, o governo intensifica nesta terça-feira (11) a tentativa de esvaziar o bloco de partidos insatisfeitos montado antes do Carnaval sob a liderança do PMDB, a maior legenda aliada ao PT na coalizão de apoio a Dilma Rousseff.
O ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) está se reunindo desde a segunda, separadamente, com congressistas do PR, PTB, PP e Pros, partidos que inicialmente aderiram ao "blocão" montado pelo PMDB.
Governo consegue evitar convocação de ministros na Câmara
O governo federal conseguiu evitar na tarde desta terça-feira (11) a análise dos primeiros requerimentos de convocação de ministros ao Congresso Nacional. Os pedidos haviam ganhado o apoio de membros da base. A Comissão Mista de Orçamento (CMO) não alcançou quórum deliberativo e a sessão desta terça-eira (11) foi reagendada para a próxima terça-feira, 18.
Comissões do Senado convocam Tombini e Cotinho
Duas comissões temáticas do Senado Federal aprovaram a convocação de membros da equipe econômica do governo federal para dar explicações sobre as ações na área. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) marcou para a próxima terça-feira (18) uma audiência pública com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. A CAE juntamente com a Comissão de Relações Exteriores (CRE) marcou para o dia 25 de março uma audiência pública com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.
Membros do chamado "blocão", grupo de deputados federais da base insatisfeitos com a articulação política do governo e que tenta aprovar matérias contrárias aos interesses do Planalto, fizeram nesta terça-feira (11) um desagravo ao líder do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), e mantiveram a intenção de apoiar um requerimento para investigar denúncias de corrupção que envolvem a Petrobras. O líder peemedebista, pivô da crise da Câmara com o Palácio do Planalto, trocou farpas no feriado de Carnaval com o presidente nacional do PT, deputado estadual Rui Falcão, e sofre um processo de isolamento político comandado pelo governo.
O presidente da Câmara também defendeu Cunha. Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), saiu em defesa do colega e classificou de "impossível" o isolamento do líder do PMDB, que representa uma bancada de 76 deputados. Alves afirmou ainda que "isso não passa pela cabeça do PMDB". A fala ocorreu minutos antes da bancada do PMDB aprovar uma moção de apoio a Cunha. "O Eduardo Cunha foi injustiçado e no nosso entendimento está sendo agredido de forma muito forte, principalmente pelo PT", disse o líder do PTB, Jovair Arantes (GO), que participou nesta tarde de um almoço com os integrantes do "blocão".
Além de Jovair Arantes, estiveram no encontro o próprio Eduardo Cunha e representantes do PP, PDT, PSC, PR, PROS e SDD - este último da oposição. No almoço, realizado no apartamento funcional do deputado Luiz Fernando Faria (PP-MG), os deputados decidiram manter o esforço pela aprovação de um requerimento que cria uma comissão externa para acompanhar, na Holanda, investigações do esquema de pagamento de subornos a empresas de vários países, no qual a Petrobras é mencionada. O requerimento conta com forte resistência do governo, que defende a sua retirada de pauta.
O líder do PTB, escolhido pelos colegas para falar pelo "blocão" após esta reunião, rebateu as críticas de deputados do PT, que disseram que a comissão externa não teria razão de existir e que seus membros iriam "passear" na Holanda. Para Arantes, a Câmara precisa se posicionar uma vez que a estatal é citada em denúncias de corrupção.
A bancada do PMDB na Câmara também aprovou nesta terça-feira uma moção de solidariedade ao líder do partido, deputado Eduardo Cunha. O texto de apoio foi aprovado em reunião da bancada e é uma resposta à tentativa do governo de isolar o líder peemedebista e, assim, evitar o crescimento do grupo de aliados radicais que, descontentes com o Planalto, ameaçam criar dificuldades em votações de interesse do governo.
No texto, os deputados afirmam que os ataques a Cunha "são ataques ao PMDB" e reafirmam a confiança no líder. Na avaliação dos parlamentares, os ataques e agressões a Cunha "extrapolam o patamar da civilidade em quaisquer das relações".
Convocações
Após a reunião desta tarde, Jovair Arantes afirmou ainda que a maioria dos deputados apoia a convocação do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para explicar o uso de avião da Força Aérea Brasileira (FAB) durante o feriado de Carnaval. Diversos requerimentos para a convocação de ministros devem ser votados nas comissões nesta semana, em mais um ingrediente da crise política entre o Executivo e o Legislativo. O PT tenta transformar as convocações em convites, que têm menor peso político.
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