Números da pesquisa Datafolha divulgados no último sábado (16) indicam que, embora os brasileiros estejam dando crédito ao governo Temer e depositem expectativas nele, ainda não há uma adesão efetiva à administração interina. A avaliação é de dois cientistas políticos consultados pela reportagem da Gazeta do Povo.
“Os brasileiros estão dando a ele [Temer] o benefício da dúvida”, resume o cientista político Ricardo Caldas, da Universidade de Brasília.
A pesquisa mostrou que 50% dos brasileiros avaliam que, para o Brasil, seria melhor que o peemedebista continuasse no cargo até 2018; 32% defendem o retorno de Dilma Rousseff. Os 18% restantes responderam “nenhum”, preferiram uma eleição, deram outras respostas ou disseram não saber. Já a taxa de aprovação do governo Temer é similar à da petista antes de ela deixar o cargo: 14% consideram a gestão do peemedebista “ótima ou boa”.
“Como é um governo recente e interino, entende-se que Michel Temer está cuidando do governo, mas não seria ainda o responsável por ele. O governo Temer ainda não tomou nenhuma medida de fundo. Então a pesquisa ainda é mais sobre uma impressão, uma imagem do que seria o governo Temer”, diz Caldas.
O cientista político Luiz Domingos Costa, do Centro Universitário Internacional Uninter, faz avaliação semelhante. “Os 50% não é apoio ao Temer, inclusive porque o governo ainda não amadureceu, não houve tempo para isso. Os 50% é uma aposta, uma expectativa”, analisa ele.
Para Costa, o número de pessoas que preferem a permanência de Michel Temer no Palácio do Planalto ainda é mais reflexo da má avaliação do governo anterior, de Dilma Rousseff. “É menos mérito de Temer e mais rejeição a Dilma. É uma parte da população que ainda está esperando algo acontecer, que está pagando para ver”, explica ele.
Os dois especialistas chamam atenção ainda para o número de pessoas que defendem o retorno de Dilma Rousseff ao Palácio do Planalto. Para eles, 32% já é a parcela da população ligada à esquerda e à oposição, e que rejeita o impeachment da petista, independente da qualidade do governo interino.
Outro ponto observado por ambos está ligado à votação do impeachment, em agosto, pelo Senado Federal. Para os especialistas, ainda que os 50% não representem efetivamente uma adesão ao governo Temer, o número sinaliza que os senadores têm aval para confirmar o afastamento da petista. “Acho que o benefício da dúvida é em princípio uma vantagem para Michel Temer, algo favorável para ele”, conclui Caldas.
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