Retratado como nazista em um cartaz exibido por manifestantes durante protesto na Câmara, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse nesta quarta-feira (6) que não ficou ofendido. "Ficaria bravo se tivesse brinquinho, batom na boca e eles usassem isso em uma passeata gay", disse Bolsonaro ao G1.
O deputado do PP circulou com o cartaz na mão pelo plenário da Casa e pelo Salão Verde durante a sessão desta quarta. Ele negou que pretendesse adotar alguma medida contra os manifestantes.
"Não vou colar o cartaz na parede do gabinete. Só estou com ele aqui para mostrar. Se fosse eu, seria quebra de decoro, mas como são eles, pode", afirma Bolsonaro.
Alçado ao centro do noticiário nacional por manifestar opiniões consideradas racistas e homofóbicas por movimentos sociais, Bolsonaro voltou a analisar a polêmica. "O cara vai pra passeata gay, grita o orgulho gay, aí você chama de veado e o cara fica bravo."
Sobre os protestos ocorridos na tarde desta quarta, no Anexo 2 da Câmara, onde ficam as comissões, Bolsonaro disse que é fácil fazer protesto de tarde, quando todo mundo deveria estar trabalhando. "Marca um protesto para 8h da manhã para ver se alguns desses aparece. Pode ver a hora que os crimes contra esses bichas acontece. É sempre de madrugada", disse o deputado
O parlamentar do PP afirmou ainda que não tem medo de ameaças ou de protestos. Ele diz ter porte de arma, mas afirma que não pretende andar armado. "Tenho arma, tenho porte, porque era militar, mas não uso porque não acho necessário."
Mais cedo nesta quarta, cerca de 20 estudantes e representantes de movimentos sociais protestam na Câmara contra o deputado. Eles entraram no anexo 2 da Câmara gritando "Fora Bolsonaro" e portando um cartaz com Bolsonaro caracterizado como nazista.
O deputado ironizou os estudantes. "Muito bonito o cartaz". Depois, afirmou que não cederia a provocações. "Vieram aqui para provocar, mas não vou cair em provocação", disse.
Notificação
Alvo de quatro representações na Corregedoria da Câmara, Bolsonaro foi notificado por volta de 11h desta quarta-feira (6) pelos servidores do órgão a apresentar defesa para as acusações suposta prática de racismo e homofobia, decorrentes das declarações ao programa "CQC", da TV Bandeirantes, exibido na noite de segunda (28).
Bolsonaro afirmou que não discutiria "promiscuidade", ao ser questionado pela cantora Preta Gil, sobre como reagiria caso o filho namorasse uma mulher negra.
A pergunta, previamente gravada, foi apresentada no quadro do programa intitulado "O povo quer saber": se seu filho se apaixonasse por uma negra, o que você faria?". Bolsonaro respondeu: "Preta, não vou discutir promiscuidade com quer que seja. Eu não corro esse risco, e meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o teu."
Bolsonaro confirmou o recebimento da notificação da Corregedoria da Câmara. "Recebi a notificação, assinei, e agora tenho o prazo de cinco sessões para me defender."
Além das quatro representações já existentes, outros dois pedidos de investigação sobre a conduta do deputado devem ser anexados ao processo único que será comandado pelo corregedor Eduardo da Fonte (PP-PE).
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