As buscas de uma nova vítima na futura Estação Pinheiros do Metrô, que desabou no dia 12 de janeiro, continuam nesta quinta-feira. Os bombeiros estão retirando terra da área central do túnel e acreditam que em dois ou três dias, no máximo, poderão ter a certeza se o contínuo Cícero Augustino da Silva, de 60 anos, está sob os escombros. Segundo o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Domingos Paulo Neto, é real a possibilidade de existir uma sétima vítima nos escombros. Seis corpos já foram retirados da cratera. O primeiro acordo para o recebimento de indenização foi selado nesta quarta-feira com os familiares da advogada Valéria Marmite, que estava na van que foi soterrada.
A polícia ouviu testemunhas e reconstituiu os últimos passos do contínuo na sexta-feira, dia 12. Segundo Paulo Neto, o contínuo foi visto por um amigo descendo de um ônibus na Avenida Doutor Arnaldo, quase esquina com a Rua Cardeal Arcoverde, e pegando um outro coletivo em direção ao bairro de Pinheiros. Logo depois, às 14h38m, uma ligação de Cícero para uma pessoa que trabalha no Edifício Passarelli, vizinho à cratera das obras do Metrô, foi interceptada. O office-boy ligou para essa pessoa avisando que estaria na porta do prédio em poucos minutos para entregar um cheque.
Houve um breve encontro entre os dois e Cícero seguiu seu caminho com destino à Marginal Pinheiros, onde entraria em uma estação da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) a alguns metros do local do acidente. Ao voltar para o prédio, essa testemunha notou pessoas assustadas correndo no edifício e na rua por conta do desabamento da obra do Metrô. Segundo os bombeiros, a existência de uma sétima vítima nunca foi descartada. O capitão Mauro Lopes disse que "só vai sair do local quando for retirada a última pá de terra".
- Eles querem, justa e merecida mente, um corpo de volta, e cabe a nós tentar realizar esse desejo da família. Cabe a nós entregar este corpo para que eles possam dar um enterro digno ao senhor Cícero, se tudo realmente se confirmar - disse o capitão.
Nesta quarta-feira, foi fechado o primeiro acordo para o pagamento das vítimas soterradas nas obras. Os familiares de Valéria, advogada de 37 anos, receberão no mês que vem a indenização do consórcio Via Amarela pela morte dela. O secretário de Justiça de São Paulo, Luiz Antônio Marrey, não quis revelar os valores do acordo a pedido da família e dos defensores públicos. O valor da apólice previa um pagamento de até R$ 24 milhões às famílias das vítimas.
- Ficamos satisfeitos com essa solução. Isso não traz de volta a vítima, mas leva a minorar as conseqüências deste trágico fato. Não revelar o valor é o limite de intimidade que cada um tem direito de preservar - disse.
A família da advogada pode ter recebido pelo menos 200 salários mínimos, apenas por danos morais.
Segundo ele, a indenização leva em conta os padrões habituais do "direito preferido". Isso quer dizer que a indenização considera a expectativa de vida média da advogada e quanto ela ganharia se estivesse viva. Os filhos devem receber, segundo os defensores públicos adiantaram, uma pensão mensal vitalícia.
A Defensoria Pública defende apenas os familiares de Valéria Marmit. Os parentes das outras vítimas contrataram advogados particulares. A expectativa é que acordos semelhantes sejam fechados por esses advogados.
- Não posso falar pelos advogados particulares das outras famílias, mas o acordo tem parâmetros adequados, que tendem a ser seguidos - afirmou Marrey.
O pagamento será feito pelo Unibanco AIG, seguradora contratada pelo Consórcio Via Amarela, responsável pela obra.
Além de Valéria, outras cinco pessoas morreram no acidente. Os parentes das vítimas que estavam na van que foi soterrada também têm direito de receber indenização da Transcooper, cooperativa proprietária do veículo. A empresa informou, nesta quarta-feira, que ainda não recebeu o pedido dos familiares para o pagamento. A Transcooper tem uma apólice com a Nobre Seguradora, que prevê o pagamento de R$ 300 mil por danos materiais, corporais e morais. Esse valor deverá ser dividido pelo número de passageiros que estavam na lotação. Além de Valéria, estava no veículo o funcionário público Márcio Alambert.
A apólice do Unibanco AIG prevê o pagamento de até R$ 24 milhões para todas as vítimas, o que inclui os proprietários de imóveis interditados ou demolidos por causa do acidente.
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