Brasília (AE) O deputado José Borba (PMDB-PR), suposto beneficiário de R$ 2,1 milhões do esquema do mensalão, recusou-se a assinar comprovante de saque no Banco Rural, disse a diretora-financeira da agência de publicidade SMP&B, Simone Reis Lobo Vasconcellos. A decisão do deputado obrigou Simone a se deslocar à agência da instituição financeira em Brasília para assinar o documento. Borba levou o dinheiro em espécie.
O relato acima faz parte da confissão dela à Polícia Federal, que se afastou do posto de líder do partido na Câmara quando a mesada se tornou pública. O depoimento dela é apontado pela PF como importante prova do esquema de corrupção no Congresso e da rotina dos pagamentos que beneficiaram quadros do PT.
Para a PF, ficou claro que o deputado do PMDB do Paraná não quis pôr a assinatura no papel para não deixar rastro que, mais tarde, pudesse ser usado como prova material da coleta que fez. Borba não quis falar sobre a acusação. Simone não explicou, no entanto, o sumiço do documento que ela endossou para que os recursos do deputado do PMDB fossem liberados.
"Não sei qual o destino dado pela agência Brasília do Rural ao documento que autorizava o pagamento diretamente para Borba." Mas não foi apenas o deputado que Simone apontou. A lista que a diretora-financeira da SMP&B entregou à polícia, na noite de segunda-feira, revela a atuação de outros parlamentares e assessores políticos que fizeram resgate em dinheiro vivo na boca do caixa.
O relato de Simone preenche oito páginas e aponta os caminhos da mesada no Legislativo. A diretora-financeira entregou à PF uma lista "de pessoas indicadas pelo Partido dos Trabalhadores". A relação, disse Simone, lhe foi passada pelo empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, que teria sido o condutor do mensalão.