Dando início à romaria de líderes oposicionistas que tentarão sensibilizar o governador Aécio Neves para que aceite compor como candidato a vice numa chapa encabeçada pelo colega paulista José Serra, o líder do DEM, deputado Paulo Bornhausen (SC), disse nesta terça-feira (2) que numa eventual vitória tucana, o mineiro seria como um "sócio" do presidente eleito. "Eu diria que seriam dois presidentes tocando o Brasil para frente", afirmou Bornhausen. "Aécio Neves jamais será um vice, ele será um sócio do presidente".
Na reunião de cerca de uma hora, Aécio, porém, reafirmou que sua intenção de disputar uma cadeira no Senado, prometendo trabalhar com afinco pela candidatura de Serra no segundo maior colégio eleitoral do País. "Vi muito firme na figura do governador Aécio o seu compromisso com Minas Gerais. Eu diria que é um forte indicativo de que ele tem vontade realmente de participar dessa eleição como candidato a senador", observou o líder do DEM.
Embora tenha classificado uma chapa com a presença de Aécio como um "meio boi" para a vitória, Bornhausen procurou não melindrar o governador e disse que "ele é o senhor da sua decisão".
Para o líder do DEM, o triunfo na eleição passa por um bom desempenho no Estado e Aécio "sabe disso". "E ele vai escolher o melhor papel para desenvolver", destacou. "O mineiro tem o seu sentimento. O Aécio, até há poucos meses, era pré-candidato a presidente da República. Havia uma grande empolgação em Minas".
Convite a Dilma
Os cortejos ao governador de Minas deverão continuar durante a semana, na qual Aécio deu início às comemorações que marcam o centenário de nascimento do ex-presidente Tancredo Neves. Numa decisão que deverá evitar uma saia-justa envolvendo Serra, o cerimonial do governo de Minas não estendeu à chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, o convite encaminhado aos ministros mineiros para a solenidade de inauguração do novo centro administrativo do Estado.
A inauguração da chamada Cidade Administrativa, na quinta-feira, na data do nascimento do avô do governador, contará com a presença de várias autoridades da política nacional. Aécio preparou uma pomposa festa para cerca de 3.000 convidados, entre eles o presidente Luiz Inácio Lula da Silva - que informou que não poderá comparecer -, governadores, parlamentares e a cúpula do Judiciário. O vice-presidente José Alencar já confirmou presença.
Foram enviados convites também para os titulares das pastas das Comunicações (Hélio Costa), do Desenvolvimento Social (Patrus Ananias) e da Secretaria-Geral da Presidência (Luiz Dulci). De acordo com o Palácio da Liberdade, Dilma, pré-candidata petista, não foi convidada porque não fez carreira política no Estado. A vida pública da ministra foi construída no Rio Grande do Sul. Conforme assessores de Aécio, é praxe em todos os grandes eventos do governo estadual para os quais Lula é convidado estender o convite apenas a Dulci, Patrus e Costa.
No evento em que Serra deverá cortejar Aécio, porém, não faltará seu principal desafeto: o deputado federal Ciro Gomes (PSB-CE), convidado pela relação pessoal que mantém com o governador de Minas.