O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou neste domingo, durante o encerramento da 2ª Cúpula América do Sul-África, em Isla Margarita (Venezuela), que o Brasil ainda não se deu conta de que é uma grande nação.
"De que saiu da condição de país receptor para um país doador (...) Todos nós aprendemos a vida inteira a pedir recursos para os países ricos e a não assumirmos as responsabilidades de sermos países doadores, de dar tecnologia, de passar os conhecimentos que temos. Isso é uma coisa nova na América do Sul. Não faz muito tempo que a relação entre nós era muito pequena e distante", afirmou ele a outros chefes de Estado presentes.
Crise financeira
Segundo o presidente da República, a crise financeira interncional, que se agravou em setembro do ano passado com o anúncio de concordata do Lehman Brothers, mostrou que os países que tinham mais opções (para o comércio internacional) sofreram menos efeitos.
"Porque não dependíamos de um bloco ou de uma economia. Vocês percebem claramente que, na época da crise, todos os países ricos que defendiam o livre comércio foram os primeiros a se fecharem no protecionismo", questionou Lula.
De acordo com Lula, os países africanos são "testemunhas" da tentativa que o Brasil fez para negociar a rodada de Doha (de comércio mundial), "sobretudo pensando em abrir o mercado agrícola europeu para os países africanos, e não conseguimos".
Mudar a "geografia" do mundo
Na visão do presidente, é possível mudar "a geografia política, comercial e econômica do mundo". "Não será possivelmente no meu governo. Possivelmente não será nos governos de muitos dos senhores [presidentes]. Mas, quem vier depois de nós, estará comprometido com uma lógica política que não existia há dez anos atrás", afirmou.
De acordo com Lula, não é possível que, depois da independência e da guerra civil, em alguns países da América do Sul e África, a maioria ainda esteja "colonizada economicamente porque depende de tecnologia, financiamento e mercado dos países ricos".
"Eu queria que vocês saíssem daqui com a certeza de que o século 21 pode ser o século da África, da América Latina e da América do sul. Basta que tenhamos clareza que dependemos muito mais de nossas decisões do que dos sonhos, das ajudas externas, que passamos todo o século 20 esperando e estamos esperando no século 21", concluiu.
Olimpíadas no Rio de Janeiro
O presidente também fez um apelo pela realização dos jogos olímpicos de 2016 no Rio de Janeiro, e informou que viajará a Copenhage (Dinamarca), Bruxelas (Bélgica) e Estocolmo (Suécia) para defender as Olimpíadas do Rio. O Rio de Janeiro concorre com Tóquio (Japão), Madri (Espanha) e Chicago (Estados Unidos).
"Já fiz esse apelo antes em outros encontros. Para que pudéssemos ter o direito de fazer uma Olimpíada no continente sul-americano (...) A verdade é que, de todos os países que compõem as dez maiores economias do mundo, o Brasil é o único que nunca fez uma Olimpíada. A América do Sul nunca fez uma Olimpíada", disse.
Lula lembrou ainda que o "maior evento esportivo do mundo" não pode ser um "privilégio dos países ricos". "Precisamos fazer na América Latina e na África. É uma boa experiência sediar em 2010 a Copa do Mundo. Londres vai fazer [a Olimpíada] em 2012. Não é justo que seja feito outra vez na Europa. Os Estados Unidos já fizeram quatro Olimpíadas e mais quatro de inverno. Se ganhar essa, será a nona [Olimpíada] entre inverno e verão", disse.
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