Dois anos e meio depois da assinatura do acordo de transferência de tecnologia para equipamentos submarinos entre a França e o Brasil, o país deu início à construção das primeiras unidades. A presidente Dilma Rousseff participou da cerimônia que marcou o funcionamento da linha de produção no último sábado, em Itaguaí, no Rio de Janeiro. Ela acionou a máquina responsável por cortar placas de aço na Nuclebras Equipamentos Pesados (Nuclep), estatal que vai produzir chapas cilíndricas usadas na estrutura dos submarinos.
Ao mencionar o interesse do governo brasileiro pelo domínio da tecnologia nuclear, que será usada na propulsão de um dos submarinos, ela destacou a intenção pacífica. "Nosso interesse é de garantir a segurança de nossas riquezas, de defesa nacional, jamais de ataque", explicou.
A Itaguaí Construções Navais, empresa criada em parceria entre a construtora Odebrecht e a francesa Direction des Construtions Navales et Services (DCNS), com a participação da Marinha brasileira, será responsável pela construção de quatro submarinos convencionais, com propulsão diesel-elétrica e 70 metros de comprimento, e um com propulsão nuclear, com 100 metros.
O primeiro aparelho convencional, da classe Scorpène e identificado pela sigla S-BR, deve ficar pronto em 2016 e ser entregue à Marinha em julho de 2017, após testes no mar. A cada ano e meio seguinte será entregue um dos outros três submarinos convencionais, segundo o planejamento. O aparelho com propulsão nuclear, identificado como SN-BR, deve ser concluído em 2023.
Importada
A iniciativa faz parte do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (Prosub) da Marinha, criado a partir do acordo estratégico firmado entre Brasil e França em 2008. No valor de R$ 6,7 bilhões, o acordo prevê transferência de tecnologia francesa para o Brasil. O projeto para o reator do submarino nuclear, entretanto, é exclusivamente brasileiro.
Os franceses se comprometeram a repassar a indústrias brasileiras a técnica de fabricação de peças usadas nos submarinos. Atualmente, só cinco países dominam essa tecnologia: China, Estados Unidos, França, Inglaterra e Rússia. Com esse programa, o Brasil passará a integrar o grupo.
A estimativa, segundo a Marinha, é de que cada submarino conte com cerca de de 36 mil itens produzidos por mais de 30 empresas brasileiras. São válvulas, bombas hidráulicas, motores e baterias de grande porte, entre outras peças. A previsão é de que só a área de construção naval militar ganhe 2 mil novos empregos diretos e 8 mil indiretos. Além dos submarinos, também serão construídos um estaleiro, que deve ser concluído em 2014, e uma base naval para abrigar as embarcações, a ser entregue seis meses depois.
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