Brasília - Acabou o suspense que durou um ano e quatro meses: o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem, aproveitando a visita ao Brasil do presidente da França, Nicolas Sarkozy, que decidiu negociar com a Dassault a compra de 36 caças franceses Rafale. Até o início da noite os outros dois concorrentes do projeto de reequipamento da Força Aérea Brasileira, a Boeing (EUA) e a Saab (Suécia), não haviam se manifestado sobre a decisão brasileira.
O anúncio sobre os caças ocorre no mesmo dia da divulgação de um amplo acordo militar entre os dois países o principal firmado pelo governo desde a Segunda Guerra Mundial. Por meio desse acordo, o Brasil comprará helicópteros, submarinos convencionais e a tecnologia para desenvolver um modelo de propulsão nuclear. Com os caças, deve ser adicionada uma fatura de R$ 10 bilhões ao acordo, que previa gastos de até R$ 27,5 bilhões gastos pelo Brasil ao longo de 20 anos.
Ao justificar os gastos militares, Lula falou na necessidade de defender a Amazônia e o pré-sal. "Deve sempre passar pela nossa cabeça a ideia que o pré-sal (o petróleo) já foi motivo de muitas guerras e conflitos, e não queremos guerra."
Em um comunicado de apenas três parágrafos, o governo Lula revelou que a decisão de abrir a negociação com a França deveu-se em grande parte ao compromisso assumido por Sarkozy de comprar "uma dezena de unidades da futura aeronave de transporte militar KC-390", avião que está sendo desenvolvido pela Embraer. Convidado de honra do desfile de Sete de Setembro, Sarkozy comemorou. "O Rafale será desenvolvido em comum acordo com nossos amigos brasileiros. Trata-se de uma escolha extremamente precisa e importante. (...) Compartilhar tecnologia não nos dá medo. O tempo da colonização já acabou." O comunicado pegou de surpresa a diplomacia americana, que esperava uma decisão apenas no fim de outubro, como anunciara o Ministério da Defesa.
Angra 3
A declaração conjunta dos dois países revela ainda a decisão de Sarkozy e de Lula em "encorajar" duas iniciativas na área nuclear. A primeira é a negociação em andamento entre o grupo francês Areva e a Eletronuclear sobre a retomada das obras de Angra 3 e a cooperação para a prospecção de urânio. A segunda iniciativa é a aproximação entre todas as companhias brasileiras e francesas do setor, de olho na construção das novas usinas termonucleares. Nos planos do governo, deverão ser instaladas até 25 unidades nos próximos 24 anos.
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