Michel Temer não escolheu nenhuma mulher para o alto escalão do governo federal| Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

A dança das cadeiras na Esplanada dos Ministérios colocou o Brasil em uma posição desconfortável: o país é o único da América do Sul com um ministério formado exclusivamente por homens – para o cálculo, baseado em dados no documento “Chiefs of State and Cabinet Members”, da CIA, consideramos unicamente os Ministérios de cada governo e excluímos Secretarias com mesmo status.

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A composição da Esplanada dos Ministérios no governo Michel Temer anunciada nessa quinta-feira (12) deu contornos ainda mais nítidos a um problema já conhecido da política brasileira – a presença tímida de mulheres em cargos de poder, seja no Legislativo, seja no Executivo.

Padilha diz que Temer tentou, mas não conseguiu indicar mulheres para os ministérios

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Na gestão do presidente em exercício, no entanto, essa participação passou de tímida para inexistente: nenhum nome feminino compõe o primeiro escalão do governo, algo que não acontecia desde a administração de Ernesto Geisel (1974-1979).

A ausência de mulheres na formulação ministerial foi alvo de críticas e é apontada como um retrocesso na luta por igualdade de gênero e diversidade (também não há negros no ministério de Temer) e, em última instância, uma estratégia política arriscada.

“É um retrocesso na luta pela igualdade de gênero e um pouco assustador o perfil político de não lembrar desse fator tão importante. [Garantir a participação feminina] Seria uma estratégia política inteligente, que iria contrabalancear politicamente o impeachment”, avaliou o cientista social Lindomar Boneti, da PUCPR, em entrevista à Gazeta do Povo.

Elas são poucas também no Legislativo

A baixa representatividade feminina não acontece apenas na composição do Executivo: no Legislativo, o número de mulheres candidatas e eleitas também é reduzido. Um levantamento realizado pela Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República mostra que o número de candidatas a prefeita nos municípios brasileiros nas últimas eleições era de apenas 13,4%. O número de prefeitas eleitas naquele ano é ainda menor: 11,8%.

No mundo, as mulheres respondem por apenas 22,6% dos membros dos parlamentos, diz o relatório anual da União Interpalamentar (IPU) “Mulheres no Parlamento 2015: Revisão Anual”. Entre 2014 e 2015, o número de mulheres nos parlamentos subiu apenas 0,5 ponto percentual, frustrando expectativas sobre o alcance da igualdade de gênero na política.

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Canadense queridinho da política apostou na diversidade

Vale lembrar que no ano passado o primeiro ministro canadense Justin Trudeau ganhou os holofotes após compor um ministério em que o número de mulheres era igual ao de homens: são 29 ministérios, 15 deles ocupados por mulheres. Além disso, a equipe de Trudeau conta ainda com políticos de origem indígena e indiana, uma deficiente visual e um gay. Questionado sobre suas escolhas, o canadense justificou ter levado em consideração a diversidade do Canadá.

Embora nenhum outro país apresente um ministério com tamanha paridade de gênero como o Canadá, é difícil encontrar um Executivo composto unicamente por homens. O vizinho Estados Unidos não está tão bem na foto, mas ainda assim tem mais de um quarto de seus Departamentos comandados por mulheres (são 15 departamentos e quatro chefes mulheres).

Na Europa, há um ótimo exemplo na Suécia, cujo governo é composto por 23 ministérios, dos quais 12 estão sob a batuta de mulheres. A Itália também apresenta uma boa proporção: dos 16 ministérios, sete são ocupados por elas. Na Alemanha, paridade aproximada: são 15 pastas, um terço das quais sob responsabilidade de mulheres.

América do Sul

O Brasil é agora o único país da América do Sul sem nenhuma mulher presente no alto escalão. O país com maior proporção de mulheres ministras é a Colômbia, com 20 ministérios e oito ministras (40%), seguido pelo Uruguai (38%) e Chile (34%). Proporcionalmente, o país com menos presença feminina no governo – depois do Brasil – é o Suriname, com 17 pastas e duas ministras, representatividade equivalente a 11%; em seguida vem a Argentina, com 14% dos ministérios ocupados por mulheres.

Veja como é a composição ministerial em outros países:

Argentina
21 ministérios, três deles sob responsabilidade de mulheres.

Chile
23 ministérios. A composição ministerial conta com mulheres em oito pastas.

Uruguai
13 ministérios, cinco comandados por mulheres.

Venezuela
31 ministérios, oito com mulheres.

Espanha
13 ministérios, quatro ministras.

Suécia
23 ministérios, 12 ministras.

Itália
16 ministérios, sete deles ocupados por mulheres.

Alemanha
15 ministérios, um terço sob a batuta de mulheres.

Reino Unido
17 ministérios, 6 mulheres no comando de pastas.

Estados Unidos
15 departamentos, quatro mulheres à frente.

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