O ministro da Defesa, Celso Amorim, assinou nesta quinta-feira (3), na Suécia, dois acordos que dão sequência ao processo de compra dos 36 aviões de caça Gripen NG. O primeiro acordo institui que os dois países podem estreitar conversas sobre outros projetos na área militar, e o segundo acordo se refere à proteção de informações sigilosas sobre a compra dos caças e de outros projetos que possam ser desenvolvidos entre Brasil e Suécia. Agora, os acordos serão encaminhados para apreciação do Congresso Nacional.
Antes da assinatura, Amorim se reuniu com a ministra da Defesa sueca, Karim Enström. À ministra, ele reiterou a importância da transferência de tecnologia como condicionante para a compra dos caças. Essa questão já havia sido destacada pelo ministro quando do anúncio da escolha dos Gripen NG. Com acesso aos códigos-fonte, o Brasil poderá integrar outros equipamentos e sistemas às funções originais dos aviões.
Durante o encontro - do qual também participou o comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), brigadeiro Juniti Saito - o ministro Amorim também abordou o direito de comercialização dos Gripen NG, que serão produzidos no Brasil a partir da transferência de tecnologia. O entendimento entre Brasil e Suécia é que essa comercialização possa ser feita com países da América Latina, além das nações em desenvolvimento com as quais o Brasil possui "estreita relação bilateral".
Saito garantiu aos suecos que o Brasil possui um parque industrial apto a receber a nova tecnologia advinda do negócio entre os países: "Posso garantir que estamos preparados e que vamos honrar todos os compromissos sobre confidencialidade de informações". Os ministros de Brasil e Suécia ainda conversaram sobre o empréstimo de dez caças Gripen C/D enquanto os NG não são entregues.
A expectativa é que seis unidades da versão C/D cheguem ao Brasil no primeiro trimestre de 2016 e os outros quatro desembarquem por aqui no início de 2017. As primeiras unidades da versão NG são esperadas para 2018. Diante disso, o comandante da FAB destacou a importância do contato prévio dos pilotos e equipes técnicas de solo com uma versão similar à adquirida pelo Brasil, familiarizando-os com o equipamento.
Suécia emprestará 10 caças ao Brasil até chegada dos novos Gripen NG
A Suécia emprestará dez caças ao Brasil enquanto inicia a entrega dos 36 caças-bombardeiros supersônicos Gripen NG que a Força Aérea Brasileira (FAB) comprou do construtor sueco Saab por US$ 4,5 bilhões. Os aviões oferecidos em empréstimo são do tipo Gripen CD, um modelo menos moderno que o Gripen NG (New Generation), e permitirão que os pilotos brasileiros treinem com os aparelhos que o país começará a receber em 2018.
As primeiras aeronaves emprestadas chegarão ao país no primeiro semestre de 2016, segundo uma nota publicada pelo Ministério da Defesa em seu portal na internet. Esse prazo permitirá que os aviões sejam utilizados para a proteção do espaço aéreo brasileiro durante os Jogos Olímpicos que o Rio de Janeiro organizará em 2016.
De acordo com o Ministério, as negociações relativas ao empréstimo se encontram em estado avançado e se referem tanto ao envio dos aviões como ao treinamentos dos pilotos e à oferta de apoio logístico. A negociação foi abordada pelo comandante da FAB, general Juniti Saito, nas reuniões que teve com oficiais da Força Aérea da Suécia em Estocolmo esta semana e nas quais se estabeleceu que o Brasil assumirá os custos de operação das aeronaves durante o período de empréstimo.
Em sua visita a Estocolmo, Amorim assinou um acordo marco de cooperação que prevê a participação do Brasil em um projeto para produzir conjuntamente os Grippen NG.
Os dois ministros da Defesa conversaram também sobre a possibilidade de participar conjuntamente no desenvolvimento de armas, equipamentos aeronáuticos e soluções de defesa cibernética. "Amorim reiterou à ministra sueca as condicionantes fixadas pelo Brasil para aquisição dos caças, sendo a principal delas a necessidade de irrestrita transferência tecnológica, com acesso a códigos-fonte da aeronave", segundo um comunicado do Ministério da Defesa.
Segundo as conversas preliminares, a construção dos aviões no Brasil gerará entre dois mil e três mil empregos diretos, principalmente na fábrica que a Saab montará na cidade de São Bernardo do Campo, mas também em empresas locais como a Embraer. O governo brasileiro anunciou em dezembro do ano passado que escolheu os caças da Saab na licitação aberta para adquirir 36 aviões de combate de última geração para substituir seus Mirage 2000 de fabricação francesa cuja vida útil já terminou.
Os aviões suecos concorriam com os Rafale da empresa francesa Dassault e com os FA-118 Super Hornet da americana Boeing em uma licitação lançada em 2001 e suspensa várias vezes. O Brasil pagará US$ 4,5 bilhões pelos 36 aviões, abaixo dos US$ 8 bilhões exigidos pela Dassault e dos US$ 7,5 bilhões pedidos pela Boeing.
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