Um consórcio formado por sete instituições de ensino superior foi selecionado - por meio de chamada pública - para o desenvolvimento da maior pesquisa da América Latina sobre as reais causas da hipertensão e diabetes no Brasil.
As universidades federais de São Paulo (USP), de Minas Gerais (UFMG), da Bahia (UFBA), do Espírito Santo (Ufes) e do Rio Grande do Sul (UFRGS), além da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) começam, no próximo mês, o Estudo Multicêntrico Longitudinal em Doenças Cardiovasculares e Diabetes Mellitus (EMLDCD), também conhecido como Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (Elsa/Brasil).
O objetivo é fazer um retrato da população brasileira com base no monitoramento de 15 mil pessoas pesquisadas - que serão recrutadas a partir de janeiro e acompanhadas durante 20 ou 30 anos. A cada ano, os pacientes serão convocados para um novo exame de saúde.
O governo federal - por meio dos ministérios da Saúde e da Ciência e Tecnologia, e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) - vai investir R$ 22,6 milhões na pesquisa. A verba será suficiente para financiar o estudo até 2008. Metade desses recursos vem do Fundo Nacional de Saúde (FNS) e a outra parte do Fundo Setorial CT-Saúde.
Segundo o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Moisés Goldbaum, "a proposta é conhecer a saúde dos adultos brasileiros e identificar como diferentes fatores na vida dessas pessoas agem na predisposição da hipertensão e do diabetes". Até hoje, pesquisadores brasileiros estudavam a hipertensão e o diabetes de forma isolada.
Com o estudo multicêntrico será possível, por exemplo, comprovar se um dos fatores que levam ao agravamento das doenças é o fato de os pacientes demorarem a chegar ao diagnóstico correto e, muitas vezes, não darem continuidade ao tratamento.
Para a diretora do Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit) do Ministério da Saúde, Suzanne Serruya, "esse será o primeiro grande estudo a checar as 'verdades' colocadas até o momento sobre diabetes e hipertensão". A partir dos resultados encontrados, o governo terá mais elementos para melhorar as políticas públicas, formular ações mais direcionadas - considerando as realidades regionais - e executar medidas de prevenção.
De acordo com a diretora do Decit, além do acompanhamento dos hábitos alimentares e do estilo de vida, serão feitos nos pacientes recrutados para o EMLDCD exames laboratoriais periódicos, medição da cintura (região abdominal) e verificação do índice de massa corporal. Doenças que acometem a saúde mental e da mulher também serão consideradas.
No Brasil, o percentual de prevalência da hipertensão chega a 35% da população com idade igual ou superior a 40 anos - cerca de 12 milhões de pessoas. No caso do diabetes mellitus, esse índice é de 11%, o que representa quase 4 milhões de brasileiros na referida faixa etária.
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