Dois milhões de pessoas têm hepatite B no Brasil, segundo dados da Organização Mundial de Saúde. A maioria só vai descobrir que contraiu o vírus quando a doença atinge um estágio avançado e surgem os primeiros sintomas, o que pode acontecer décadas após a infecção, segundo os médicos.
Para alertar a população sobre o problema, será promovido neste sábado (10) o Dia Nacional de Conscientização da Hepatite B em 11 cidades brasileiras. Serão realizados testes para determinar quem é portador do vírus, além de palestras com especialistas sobre a doença.
"É uma doença silenciosa e a maioria das pessoas não sabe que está infectada, porque só há sintomas quando a doença já provocou um câncer ou uma cirrose", afirma o médico infectologista e professor de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Adauto Castelo Filho. "A hepatite B é a mais traiçoeira de todas, porque é possível surgir um câncer de fígado de repente e o tratamento é por tempo indeterminado. Na C, primeiro se desenvolve uma cirrose", diz.
Apenas 10% das pessoas que contraem o vírus desenvolvem a infecção crônica, segundo o médico. "Algumas pessoas iniciam o tratamento cedo e o vírus é eliminado, mas outras têm que fazer acompanhamento pelo resto da vida. Dependendo do estágio da doença, o comprometimento do órgão é muito grande", diz.
O músico César Luís Vidal, de 42 anos, é uma das vítimas da falta de sintomas da doença. Ele contraiu o vírus quando tinha 18 anos e nunca desconfiou que estava contaminado. Mais de 20 anos depois, a doença se manifestou, porém o órgão já estava comprometido e ele teve de fazer um transplante.
"Hoje, a hepatite em si está controlada, o que atrapalha é o fato de ser transplantado", diz Vidal. "Quem consegue detectar no início, chega a curar a doença e leva uma vida comum", afirma.
Segundo Castelo Filho, a chance de se infectar com o vírus da hepatite é muito maior do que de se infectar com o HIV nas mesmas circunstâncias. "No caso de contato com sangue, existe 0,3% de chance de se infectar com HIV, enquanto o risco de se contaminar com o vírus da hepatite é de 33%", diz. ContaminaçãoProfessor da Universidade Federal da Bahia e coordenador do Grupo de Estudos de Hepatite Brasil-França, o hepatologista Raymundo Paraná explica que a contaminação pelo vírus da hepatite é muito parecida com a da Aids. É transmitido por meio de relação sexual desprotegida, contato com sangue contaminado com o uso de seringas compartilhadas e a contaminação que passa de mãe para filho.
"Quem não se preocupou com sexo seguro, higiene ou tem alguém na família com o vírus, deve relatar ao seu médico para que tome providências", diz. "As crianças que têm contato com o vírus correm riscos maiores de se tornar adultos portadores da infecção crônica. A vacinação é fundamental para prevenir a doença", diz.
A vacina contra a hepatite é aplicada gratuitamente até os 19 anos em unidades do sistema público de saúde.
Há riscos de contrair a doença ao fazer uma tatuagem ou mesmo durante um tratamento odontológico. "É necessário prestar atenção na higiene do profissional, se o material é descartável, se a pessoa usa máscara, luva e é cuidadosa", afirma. "Em um consultório dentário, se o padrão de higiene deixa a desejar, se o material é de baixa qualidade, as chances de contrair a doença não são desprezíveis."
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