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O Brasil é o 72º colocado no ranking anual sobre corrupção elaborado pela organização não-governamental Transparência Internacional e divulgado nesta quarta-feira (26). O país registrou nota 3,5 em uma classificação que vai de 10 (para países menos corruptos) até zero (países mais corruptos0.

No ano passado, o país estava em 70ª e tinha nota de 3,3. A variação da nota em 0,2 não pode ser comemorada, de acordo com Bruno Speck, assessor sênior da entidade para a América Latina, uma vez que está dentro da margem de erro, que é três pontos para baixo e cinco pontos para cima. Speck é também professor de ciências políticas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A nota do Brasil no índice de percepção da corrupção já chegou a 4,0, nos anos de 2001 e 2002. Desde então, foi para 3,9, depois para 3,7 e atingiu 3,3 no ano passado. "A margem de 3,5 a 4,0 coloca o Brasil entre os países onde a corrupção é um problema grave. Apesar dos vários esforços do governo, ainda há muito o que fazer."

Segundo Speck, a colocação do Brasil "piora tendecialmente porque a cada ano entram mais países no ranking, uns com melhor colocação e outros com pior". Ele destacou, porém, que, quando são incluídos novos países, a metodologia da pesquisa é alterada.

"Não é correto dizer que se os quatro que entraram [na frente do Brasil] não estivessem na lista, o país teria melhorado [no ranking]. Isso porque o método da pesquisa também muda. São realizados levantamentos diferentes."

No ranking de 2007, foram incluídos 17 novos países, somando 180. São eles: Santa Lúcia (24º); São Vicente e Granadinas (32º); Cabo Verde (49º); Samoa (57º); Montenegro (84º); Maldivas (84º); Kiribati (84º); Vanuatu (98º); Djibouti (105º); Ilhas Salomão (111º); São Tomé e Príncipe (118º); Camarões (123º); Guiné-Bissau (147º); Libéria (150º); Afeganistão (172º); Tonga (175º) e Somália (179º). Destes, quatro ficaram à frente do Brasil na classificação.

Situação comparada O professor explica que a melhor forma de avaliar a situação do Brasil é comparar com outros países da América Latina. O Chile, por exemplo, está na 22ª posição e registrou nota de 7,0, o dobro do Brasil. O Uruguai, no 25º lugar, tem nota 6,7.

"Chile e Uruguai têm quase o dobro [da nota] do Brasil. A avaliação é muito alta na Costa Rica. Isso é um dado negativo, porque o Brasil passou por processo de modernização das instituições se comparado com outros países. A criação da CGU foi esforço enorme de aprimoramento da aplicação de recursos públicos. Mostra que há vontade, mas muito o que se fazer ainda", avalia Speck.

Para o cientista político, o ranking da Transparência Internacional serve para "alertar os governos de que a corrupção é um problema internacional. "A pesquisa faz uma avaliação sumária de fenômenos muito complexos, envolve muitos poderes, não diferencia estados e União. Dá pouca informação para reformas políticas. Mas o principal propósito é levar o tema à agenda política internacional e nacional."

Mundo

De acordo com a Transparência Internacional, a corrupção afeta principalmente os países devastados pela violência, incluindo Iraque e Somália, que se uniram a Mianmar na relação dos mais afetados.

Os países "limpos", encabeçados por Dinamarca, Finlândia e Nova Zelândia - todos com nota 9,4 -, também deveriam fazer mais esforços para evitar que suas empresas tentem corromper os políticos de outros estados ou não fazer mais vista grossa para a procedência de fundos suspeitos depositados em suas instituições financeiras, segundo a ONG.

A lista dos dez países mais transparentes se completa com Cingapura, Suécia, Islândia, Holanda, Suíça, Canadá e Noruega. Os Estados Unidos aparecem na 20ª posição com a nota 7,2.

Além de Iraque (1,5), Somália e Mianmar (1,4 cada), os três últimos países da lista de 180 países, a relação das nações mais corruptas inclui Haiti, Uzbequistão, Tonga, Sudão, Chade e Afeganistão.

"Os países do final da classificação devem levar a sério estes resultados e agir já para fortalecer a responsabilidade de suas instituições públicas", destacou Huguette Labelle, presidente da TI.

"Porém, as ações dos países bem classificados também são importantes, sobretudo para combater a corrupção no setor privado", acrescentou.

Quase 40% dos países com índice abaixo de três - onde se considera que a corrupção afeta todos os setores - são classificados como "pobres" pelo Banco Mundial.

O país sul-americano mais bem colocado é o Chile (7,0), com a 22ª posição. A Argentina, com 2,9, aparece como o número 105 na relação.

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