Nardes: parceria do TCU com o TC-PR para fiscalizar| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo

Dez em cada dez administradores públicos têm na falta de recursos um dos principais motes de seu discurso. Seja em âmbito federal, estadual ou municipal, o pouco dinheiro em caixa diante de uma elevada demanda de obras e serviços é a principal justificativa usada quando se fala na escassez de investimentos. Para Augusto Nardes, presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), o problema não está na falta de verbas, mas na forma como elas são gerenciadas. "No Brasil gasta-se muito dinheiro público de forma errada", aponta. Ausência de planejamento e dificuldade em identificar os gargalos do setor público estão entre as causas para o mau gerenciamento.

CARREGANDO :)

Nardes esteve ontem em Curitiba, onde participou de um debate organizado pelo Tribunal de Contas do Paraná (TC) para comemorar os 66 anos do órgão estadual. Com o tema "Os Novos Desafios dos Órgãos de Controle", o evento reuniu especialistas para discutir formas de aprimorar os mecanismos de fiscalização da gestão pública.

Em sua apresentação, o presidente do TCU apresentou os números de alguns setores do governo federal, como a educação, na qual apenas 45% dos recursos orçamentários vão para investimento. No saneamento, o porcentual é de 28%. E na saúde, 27%. "Isso acontece porque os governantes não têm capacidade de gestão, os produtos finais não chegam à população. O brasileiro paga 36% do PIB [Produto Interno Bruto] em impostos e não tem retorno. O dinheiro público é mal gerido", resume.

Publicidade

A fim de orientar os gestores sobre a melhor aplicação do dinheiro público, o TCU iniciou uma parceria com os TCs, por meio da qual serão realizadas auditorias segmentadas. A primeira, a ser iniciada ainda neste ano, terá como alvo a educação. No ano que vem será a vez da saúde. O objetivo é não apenas levantar irregularidades, mas indicar a causa dos problemas. "Vamos continuar enxugando gelo? Temos que indicar onde estão os gargalos e que causas levaram ao descumprimento da legislação", afirmou. Para Nardes, a falta de planejamento é o principal problema em obras e programas.