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Islândia é melhor lugar para se morar e África, o pior

A Islândia superou a Noruega como melhor país do mundo para se viver, revelou uma tabela anual da Organização das Nações Unidas (ONU publicada na terça-feira e que novamente coloca os países da África subsaariana nas últimas colocações

O Brasil ficou em 70.º lugar no ranking, entrando pela primeira vez no grupo considerado de "alto desenvolvimento humano". Leia matéria completa

ONU: Aquecimento global pode prejudicar a América Latina

O Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2007-2008, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud), órgão da ONU (Organização das Nações Unidas), revela que os efeitos das alterações climáticas na América Latina e Caribe poderão paralisar ou retroceder o desenvolvimento da região. Leia matéria completa

Favorecido em especial pelo aumento da renda, o Brasil entrou pela primeira vez para o grupo dos países com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), em 70.º lugar, no ranking de 177 países avaliados anualmente pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O IDH do Brasil subiu de 0,798 para 0,800 de 2004 para 2005, na escala de 0 a 1.

Apesar do aumento no índice, o Brasil perdeu uma posição no ranking mundial em relação ao estudo anterior. Além disso, outras sete nações conseguiram entrar para o grupo dos países desenvolvidos, que antes tinha apenas 63 integrantes.

De acordo com o novo relatório da Pnud, a Islândia, no noroeste da Europa, e Serra Leoa, na África, são a nova face da desigualdade mundial. O país europeu desbancou a vizinha Noruega e assumiu a liderança no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), com 0,968, na escala de 0 a 1. Na ponta de baixo, Serra Leoa perdeu uma posição em relação ao ano passado e, com índice 0,336, tomou o último lugar do Níger.

Ao nascer, por exemplo, um bebê islandês tem uma expectativa de vida de 81,5 anos. É quase o dobro do que sobrevive, em média, um cidadão de Serra Leoa: 41,8 anos.

O Relatório de Desenvolvimento Humano 2007, que usa dados de 2005, tem como tema o aquecimento global e seu lançamento mundial foi realizado hoje no Palácio do Planalto, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No texto , a organização defende o fim das tarifas de importação que os demais países impõem sobre o etanol do Brasil.

O presidente Lula disse nesta terça-feira que o Brasil estará numa posição ainda melhor no IDH no fim de seu governo. Segundo ele, quando o Pnud divulgar o relatório de 2012, que trará os dados de 2010, as condições de vida dos brasileiros estarão bem melhores do que em 2005, ano analisado no relatório divulgado nesta terça-feira. Lula citou o Bolsa Família como um dos instrumentos que possibilitaram a melhora do país no índice da ONU.

- Todo governo que vier vai se sentir na obrigação de fazer o Brasil crescer um ponto no relatório - disse o presidente, que participou do lançamento do relatório de desenvolvimento humano 2007/2008.

Criado pelos economistas Mahbub ul Haq e Amartya Sen, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mede a qualidade de vida por outros indicadores que não apenas o Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país). Leva em conta renda (PIB per capita), saúde (expectativa de vida ao nascer) e educação (taxa de alfabetização de adultos e matrículas no ensino fundamental, médio e superior).Renda ajudou país a subir no ranking de desenvolvimento

De acordo com o novo estudo da ONU, o PIB per capita do Brasil subiu de US$ 8.325 para US$ 8.402, entre 2004 e 2005, considerando a Paridade do Poder de Compra. O IDH da Saúde (expectativa de vida ao nascer) melhorou de 71,5 anos para 71,7 anos entre os dois anos. Com isso, nosso IDH subiu de 0,798 para 0,800.

Os dados de Educação _ taxas de matrícula no ensino fundamental, médio e superior combinadas _ ficaram inalterados em relação aos do ano anterior, mas devido a problemas na entrega dos números ao Pnud, atribuição da Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), também um órgão das Nações Unidas. O índice atribuído foi de 87,5%. Isso pode ter prejudicado o Brasil na classificação, reconhece o Pnud.

O acréscimo no IDH foi suficiente para o país atingir o patamar de alto desenvolvimento humano, que vai de 0,800 a 1, mas não para subir no ranking. O Brasil deixou para trás a ilha caribenha de Dominica, que estava à frente no levantamento anterior, mas foi ultrapassado pela Albânia e a Arábia Saudita, que subiram respectivamente cinco e quinze posições.

Maior desigualdade do grupo entre ricos e pobres

Embora tenha passado a integrar o grupo de países com alto Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), onde já estão hoje Chile, Uruguai, Argentina e México, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para melhorar as condições de vida de sua população, de acordo com o assessor especial do Pnud e especialista em desenvolvimento humano Flávio Comim.

Ele lembra que, quando comparado com os países que estão no mesmo patamar de IDH, o Brasil perde de forma significativa em, pelo menos, cinco outros indicadores: pobreza, desigualdade, saneamento, mortalidade infantil e mortalidade materna.

- Se eu tivesse que dizer se o copo está meio cheio ou meio vazio no caso do Brasil, eu diria que ele está meio vazio - afirmou Comim.

Quando se considera o Índice de Pobreza Humano, por exemplo, o Brasil tem um percentual de 9,7% (da população), enquanto no México esse valor é de 3,8%.

Nesse índice estão pessoas que costumam morrer antes dos 40 anos, não têm qualquer acesso a educação ou saúde e vivem em condições precárias de saneamento. Por exemplo, enquanto a taxa de saneamento brasileira está em torno de 75%, na Argentina ela é de 91% e no Uruguai, de 100%.

Comim destaca ainda o alto nível de desigualdade. A renda dos 20% mais ricos da população é 21,8 vezes superior à renda dos 20% mais pobres do país.

Outro indicador que mostra a disparidade está nos índices de mortalidade infantil e materna. No Brasil, a mortalidade entre as crianças de menos de cinco anos é de 33 para cada grupo de mil nascidos. No entanto, entre os 20% mais pobres da população, esse número sobe para 99. Já a taxa de mortalidade materna é de 110 para cada 100 mil nascimentos, sendo que nos demais países ela gira em torno de 20 a 30.

Revisão da metodologia é questionada

O IDH é um índice usado pela ONU para medir o desempenho dos países em três áreas: saúde, educação e padrão de vida. O índice é composto por estatísticas de expectativa de vida, alfabetização adulta, quantidade de alunos na escola e na universidade e o produto interno bruto (PIB) per capita.

O Brasil subiu não só devido a melhoras reais nos campos avaliados pelo IDH, mas também em função de revisões de estatísticas nos bancos de dados da Unicef e do Banco Mundial - órgãos que fornecem os números para o PNUD, normalmente baseados em dados produzidos pelos próprios países. Essa mudança de metodologia é questionada por alguns especialistas.

Por exemplo, uma recente revisão de metodologia do IBGE alterou para cima o crescimento do PIB brasileiro em 2005. Em vez de 2,9%, o IBGE declarou que a economia do Brasil cresceu 3,2% naquele ano.

Revisões estatísticas do IBGE também revelaram que os padrões de educação e expectativa de vida no Brasil aumentaram em 2005. A expectativa de vida média subiu de 70,8 anos, no relatório do ano passado, para 71,7 anos, e a porcentagem de alunos matriculados em escolas e universidades aumentou de 86% para 87,5%.

O Brasil vem melhorando em ritmo estável

De 2004 para 2005, o Brasil melhorou em todos os itens que compõem o IDH, com exceção da alfabetização adulta - que ficou estável em 88,6% da população com mais de 15 anos.

O desempenho econômico do país também contribuiu para melhorar o padrão de desenvolvimento humano. O PIB per capita anual aumentou 2,5% de 2004 para 2005, atingindo US$ 8.402 (por paridade de poder de compra).

De 1990 a 2005, o PIB per capita brasileiro cresceu em média 1,1% por ano, ritmo idêntico ao da Argentina, mas bastante inferior ao do Chile - que cresceu em média 3,8% ao ano.

O PNUD começou a divulgar o IDH desde 1990, mas traz dados para vários países retroativos a 1975. Desde então, o Brasil vem melhorando o seu índice de desenvolvimento humano em um ritmo estável.

Em 1975, o IDH brasileiro era calculado em 0,649. Desde então o Brasil vem mantendo uma média de crescimento de cerca de 0,050 no índice a cada dez anos.

Segundo o economista Flavio Comim, especialista em desenvolvimento humano e assessor especial para o PNUD, o aumento de número de alunos matriculados em escolas foi o fator que mais contribuiu para a melhora do IDH do país no longo prazo. Desde 1990, o índice subiu de 67,3% para 87,5%.

Subir no ranking de IDH tem importância 'simbólica'

Para Comim, a importância de entrar na lista dos países de alto desenvolvimento humano é "simbólica, mas significativa, pois abre espaço para uma agenda mais ambiciosa no Brasil".

Segundo ele, um dos motivos que faz o Brasil ficar em último lugar entre as nações de "alto desenvolvimento humano" no IDH é o fato de que os indicadores sociais brasileiros estão muito abaixo do nível de renda do país.

Comim identifica cinco áreas em que o Brasil ainda precisa melhorar para subir no ranking: combate à pobreza e à desigualdade, saneamento, mortalidade infantil e mortalidade materna. Nessas áreas, segundo ele, o Brasil está muito atrás dos demais países, mesmo os latino-americanos.

Comim afirma que, baseado em dados já disponíveis sobre 2006, o Brasil deve melhorar ainda mais o seu IDH no relatório do ano que vem. Entretanto, alerta que outros paises em desenvolvimento vêm obtendo resultados melhores .

Leia nesta quarta-feira (28) na versão impressa da Gazeta do Povo a análise completa do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) 2007-2008, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (PNUD).

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