O ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, recusou pedido da equipe do presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, para que as Forças Armadas brasileiras ajudem a policiar a América do Sul e o Caribe no combate ao tráfico de drogas. "As Forças Armadas do Brasil têm a tarefa de defender o Brasil. Não de servir de polícia do mundo", respondeu.

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Autorizado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Mangabeira encontrou-se com futuros auxiliares de Obama no início da semana passada para tratar de possíveis acordos com os Estados Unidos. Não houve consenso no uso das Forças Armadas para ajudar a combater o tráfico de drogas no continente, mas foram iniciadas conversas a respeito de temas como educação e biocombustíveis.

Mangabeira pediu que os EUA, em vez de insistirem na venda de caças e armamentos ao Brasil, proponham acordos de cooperação na área da defesa. "Senti que na questão dos caças eles ainda não querem oferecer a tecnologia. Mas admitiram colaborar com o Brasil na construção de tecnologia, pesquisa e produção. Estamos muito interessados na capacitação de nossa defesa", disse o ministro.

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"Não vi arrogância na superpotência. Pelo contrário, os Estados Unidos estão muito receptivos. Nada ajuda mais a abrir caminho do que as crises", afirmou Mangabeira. Ele não quis revelar os nomes de seus interlocutores. Como foi professor de Barack Obama e de vários outros escolhidos para o futuro governo americano na Universidade de Harvard, Mangabeira conversou com eles informalmente. "Obama decidiu não receber oficialmente nenhum representante de outro país antes da posse", informou.

Mangabeira acha que o Brasil tem a oportunidade de estreitar sua parceria com os EUA. Ele propôs aos assessores de Obama que os dois países deixem de lado a disputa comercial que têm em torno do etanol e façam acordos de cooperação para o desenvolvimento do combustível e para a organização do seu mercado internacional.

No encontro, Mangabeira disse aos assessores de Obama que o Brasil deseja trabalhar por uma reconciliação dos EUA com Cuba, Venezuela e Bolívia. Mangabeira disse ter sentido que os americanos querem que isso ocorra. Mas esperam que Cuba dê sinais de que vai caminhar para se tornar um Estado democrático.