MONTREAL - O Brasil não pretende adotar medidas para a redução de gases tóxicos e os países industrializados devem agüentar seu fardo afirmou a ministra de Meio Ambiente, Marina Silva, em uma entrevista nesta quinta-feira. Silva, apoiada no sucesso inicial da luta brasileira contra a devastação floresta, disse estar confiante de que os países cuja economia está crescendo estão fazendo sua parte para evitar o aquecimento global.
Os ministros estão em uma conferência sobre o clima em Montreal negociando como proceder após 2012, quando a primeira fase do Protocolo de Kyoto, que restringe a emissão de gases tóxicos. Cerca de 40 países industrializados concordaram em reduzir as emissões em 5,2% até essa data.
Os países em desenvolvimento, que argumentam que a redução de emissão diminuirá sua habilidade de crescimento econômico, foram excluídos. A medida se aplicou até mesmo a gigantes como o Brasil, a China e a Índia, grandes produtores de gases tóxicos.
Muitos acreditam que as nações em desenvolvimento devem adotar metas de redução após 2012 e que os Estados Unidos, nação que abandonou o Protocolo de Kyoto e é o maior poluidor do mundo, deve se comprometer com o acordo novamente.
- É a segunda fase, todos os países desenvolvidos que historicamente têm altos índices de emissão devem assumir suas responsabilidades - disse Silva. - Isso não significa que os países em desenvolvimento não têm responsabilidade e que não terão compromissos internos. O Brasil está fazendo isso com o desmatamento, uma das principais fontes de emissão.
Cerca de três quartos das emissões de gases tóxicos creditadas ao Brasil estão associadas à destruição da floresta amazônica, lar de 30% de todas as espécies animais e de plantas. As árvores consomem o dióxido de carbono, o principal gás responsável pelo aquecimento global, e o liberam quando morrem.
O Brasil divulgou nesta semana que o índice de desmatamento da floresta amazônica caiu 30% em 12 meses até agosto, a primeira queda registrada desde 2000-2001 e a maior desde 1995-1996.
As autoridades atribuíram o resultado a um plano lançado no ano passado para coibir a extração ilegal de madeira.
Silva contou que o Brasil quer dividir seu conhecimento com outros países tropicais e que apóia a proposta da conferência de pagar as nações que preservarem suas florestas.