Brasília - Fontes da diplomacia brasileira informaram ontem que a visita do presidente iraniano, Mahmud Ahmadinejad, ao Brasil, no próximo dia 23, servirá para que o governo brasileiro negocie apoio para propor uma ampla reforma da Organização das Nações Unidas (ONU). O Brasil pleitea uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU e tem feito acordos diplomáticos com vários países em busca dessa pretensão.
Durante a visita do iraniano, também devem ser assinados acordos de isenção de vistos diplomáticos para viagens de cidadãos dos dois países, de cooperação técnica entre a Embrapa e a empresa iraniana de pesquisa agropecuária, além de um programa de intercâmbio cultural. Os dois países deverão impulsionar ainda a cooperação nas áreas de energia, tecnologia, educação, prospecção de petróleo e mineração.
O embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, afirmou ontem que seu país está interessado em impulsionar investimentos de empresas iranianas no setor agrícola brasileiro. Segundo o embaixador, uma das ideias é de que empresas privadas iranianas formem joint ventures com brasileiras para a produção de soja, milho e etanol. A produção não teria apenas o objetivo de suprir o mercado iraniano, mas também o de atender a demandas de outros países.
Israel
O embaixador iraniano afirmou ainda que seu país não se incomoda com a visita que o presidente de Israel, Shimon Peres, iniciou ontem ao Brasil. Shaterzadeh criticou, porém, as reações do governo israelense ao fato de o Brasil receber Ahmadinejad. Disse que Israel é um país "invasor", fazendo referência à ocupação israelense dos territórios palestinos.
Já Peres, na sessão solene em sua homenagem no Congresso brasileiro, atacou o Irã. Declarou que a atual política de Teerã representa um "perigo mundial" e "impede a criação do Estado Palestino".
O presidente israelense fez a ressalva de que, historicamente, o Irã nunca foi inimigo de Israel. Mas acrescentou que seu país "não pode tolerar a presença de armas nucleares (em território iraniano)". "O governo do Irã está se armando e alimentando o terror do Hamas e do Hezbollah", afirmou Peres, referindo-se aos grupos islâmicos organizados na Palestina e no Líbano. "O Irã ajuda o Hamas a tratar mal a Autoridade Palestina e, com isso, impede a criação do Estado da Palestina", acrescentou.
Depois de se encontrar com Peres, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, minimizou as manifestações contrárias a Ahmadinejad no Brasil: "O Brasil fala com todo mundo. Ninguém vai dizer ao Brasil com quem o Brasil deve falar. O Brasil fala com quem entende que deve falar".
-
Escola Sem Partido: como Olavo de Carvalho, direita e STF influenciaram o fim do movimento
-
Igreja e direita francesa criticam cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos
-
“Quando Maduro fala é crítica, quando eu falo é crime?”, diz Bolsonaro após ditador questionar urnas
-
Dois cientistas católicos históricos que vale a pena conhecer
Deixe sua opinião