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Manifestantes foram para a praia de Ipanema protestar contra as posições radicais do Irã | Sergio Moraes/Reuters
Manifestantes foram para a praia de Ipanema protestar contra as posições radicais do Irã| Foto: Sergio Moraes/Reuters

Lula sugere futebol no Oriente Médio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem que tem negociado a realização de uma partida de futebol no Oriente Médio para representar o momento de reconstruir a paz na região. Lula chamou o possível evento de "jogo da paz".

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O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrentará hoje o mais intrincado desafio de sua política externa. Ao receber, em Brasília, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, Lula estará diante da missão de convencê-lo a concordar com os termos do acordo de Viena e, com isso, pôr fim à atual controvérsia na área nuclear. Mas, igualmente, o presidente brasileiro se moverá sob o risco de ver a imagem pessoal e a da gestão chamuscadas diante da comunidade internacional pela cortesia.

Ahmadinejad desembarca em Brasília para uma visita de apenas um dia, acompanhado por um séquito de 130 funcionários e de 150 empresários. Não viajará a outros pontos do país e, em princípio, deverá respeitar a recomendação do governo brasileiro de não repetir declarações que não tenham o consenso do Brasil – como a de que o Holo­­causto não existiu e a de que Israel deveria ser varrido do mapa. Além dos encontros com Lula e autoridades, o iraniano deverá dar uma palestra em uma universidade e uma entrevista.

Para o encontro com Ahma­­di­­nejad, no Itamaraty, Lula tem o discurso na ponta língua. Orientado pelo Itamaraty, o presidente vai reiterar que o Brasil reconhece o direito de o Irã desenvolver a tecnologia nuclear para fins pacíficos. Mas recomendará a Teerã investir na reconquista da confiança e indicará que, para isso, será preciso fazer um gesto adicional.

O Brasil teme que a proibição ao enriquecimento de urânio no Irã, defendida pelas potências nucleares, possa vir a se estender ao Brasil no futuro, mesmo com as garantias do fim pacífico do programa brasileiro. Para o Itamaraty, a única saída para o Irã seria cumprir o acordo de Viena, que está nas mãos de um governo iraniano que ainda impõe condições e resiste em assiná-lo.

O acordo prevê que o Irã possa continuar com o enriquecimento de urânio até o teor de 5%. O produto final seria embarcado para a Rússia, onde seria processado até atingir o teor de 20%. Daí, seguiria para França, onde seria transformado em combustível para a planta nuclear iraniana que fabrica radiofármacos.

Essa fórmula impediria a paralisação da produção desses medicamentos em meados de 2010, quando se esgota a capacidade de produção do Irã. O acordo impede que o Irã tenha, em casa, urânio enriquecido em altos teores. Como tem pouco urânio em seu território, o país não teria condições de fabricar uma bomba atômica. Mas seria também um grande negócio para o Irã, que ganharia o reconhecimento de seu direito de enriquecer urânio.

O presidente iraniano, entretanto, antecipou que não se deixará levar facilmente pelo argumento de Lula. Em artigo de sua autoria distribuído pela embaixada do Irã em Brasília, na sexta-feira, Ahmadinejad afirma que há uma "polêmica injusta dos países ocidentais contra o programa nuclear iraniano" e que espera que seu país e o Brasil se aliem para vencê-la. O nó que Lula terá de desatar, a partir de hoje, é a desconfiança do governo de Ahmadinejad com relação ao futuro suprimento do combustível nuclear, depois de assinado o acordo. O Brasil está ciente que, ao resolver essa questão, o Irã perderá o poder de barganha. Em princípio, a possibilidade de aplicação de novas sanções do Conselho de Segurança (CS) da Organização das Nações Unidas (ONU) contra o país é considerada nula, por causa do provável veto da China e da Rússia.

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