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| Foto: Bertrand Guay/AFP

RIO, BRASÍLIA E PARIS - Apenas três dias após o anúncio conjunto dos presidentes Lula (Brasil) e Nicolas Sarkozy (França) de que os brasileiros comprariam 36 caças franceses, os governos dois dois países ontem informaram que o negócio, de R$ 10 bilhões, ainda não está fechado. As negociações devem levar de oito a nove meses.

O ministro das Relações Ex­­­­teriores, Celso Amorim, afirmou que o anúncio da compra dos aviões militares franceses, antes de o negócio ter sido fechado, não foi um erro diplomático do Brasil. Segundo ele, Lula apenas anunciou a preferência brasileira pela compra dos caças modelo Rafale, produzidos pela companhia francesa Dassault.

"Houve uma decisão de preferência nítida pela proposta francesa. Mas as formalidades da licitação, que têm de ser seguidas, são outra coisa", completou Amorim, deixando em aberto a possibilidade de a negociação entre o Brasil e a França não ser concluída a bom termo e de serem retomada as ofertas de venda dos caças Gripen, da sueca Saab, e dos F-18 Super Hornet, da norte-americana Boeing.

Amorim afirmou que a manifestação de Lula foi a resposta aos compromissos do próprio presidente da França, Nicolas Sarkozy, de transferência "irrestrita" de tecnologia militar ao Brasil. Ainda de acordo com o chanceler brasileiro, pesou na preferência brasileira as garantias de Sarkozy de fixar um preço compatível para o Rafale (aeronave considerada cara), além de reservar o mercado latino-americano para a futura produção desses caças pela Embraer. "Isso não só apareceu na oferta técnica, mas também foi referendado pelo próprio presidente Sarkozy", afirmou Amorim, referindo-se a uma carta do líder francês, elaborada no início da madrugada do dia 7 de setembro, que permitiu o anúncio do governo no início da tarde.

A carta pessoal de Sarkozy foi o resultado de uma queixa do presidente Lula, durante o jantar que ofereceu no Palácio da Alvorada no domingo passado, ao "preço absurdo" que constava da proposta da Dassault. Diante do risco de retornar a Paris sem um compromisso para viabilizar comercialmente o Rafale – produto estigmatizado pelo fracasso de todas as negociações de venda ao exterior –, Sarkozy concordou em registrar ofertas adicionais ao Brasil.

O ministro francês da Defesa, Hervé Morin, ontem endossou a versão brasileira e afirmou que a negociação de compra e venda dos caças vai começar efetivamente agora. Segundo ele, a prioridade será dada à Dassault, mas que nada está definido e a concretização da venda dependerá de variáveis como financiamento, transferência da tecnologia, processos industriais, cooperação e sistemas de armas.

O ministro brasileiro da De­­­fesa, Nelson Jobim, também jo­­­gou sobre a Dassault a responsabilidade por concretizar o acordo. "O importante é que há uma decisão política do presidente da República (Lula) de ampliar sua aliança estratégica (com os franceses). Nós temos vários entendimentos com a França. Ou seja, para que essa decisão política seja executada vai depender da Dassault."

Reação sueca

Já a empresa Saab, fabricante do caça sueco Gripen, ontem emitiu nota informando que ainda se considera na disputa e que também está disposta a transferir tecnologia ao Brasil. A Saab seguiu na mesmo linha do governo americano, que na quarta-feira havia feito o mesmo em relação a seus caças.

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