Os brasileiros confiam mais nas empresas e na mídia do que no governo e nas organizações não governamentais (ONGs) em comparação com a população mundial. A conclusão é da pesquisa Trust Barometer, realizada pela agência de relações públicas Edelman em 27 países. Conforme o estudo, o grau de credibilidade das empresas chega a 70% no Brasil, enquanto que a média global de confiança nessas instituições é de 58%. Já as instituições governamentais são consideradas confiáveis por apenas 34% dos pesquisados no Brasil, enquanto que a média global é de 44%.
INFOGRÁFICO:Brasileiros confiam mais em empresas, mídia e ONGs do que no governo
"As pessoas depositam cada vez mais expectativa nas empresas, uma vez que o governo é cada vez mais julgado como incompetente para satisfazer as necessidades das pessoas", diz Rodolfo Araujo, diretor de pesquisa da Edelman. A imprensa e as ONGs ocupam posições intermediárias de confiança no país, com 63% e 62%, respectivamente. No mundo, a mídia é apontada como confiável por 52% dos entrevistados e as ONGs, por 64%.
Queda
O estudo da Edelman, realizado há 14 anos, mostra que o índice de confiança da sociedade brasileira nas instituições caiu bruscamente em relação a 2011. Naquele ano, 85% dos entrevistados diziam acreditar no governo porcentual maior que o atingido por empresas (81%), ONGs (80%) e pela mídia (73%). "Foi uma época em que o Brasil estava vivendo uma euforia com a eleição da Dilma [Rousseff, presidente], e um bom patamar da economia. Foi um ano atípico, havia um ânimo no país", avalia Araujo.
Mesmo com a queda, o Brasil tem se mantido em uma posição intermediária em comparação com os demais países pesquisados. No ano passado, a média global de confiança nas entidades analisadas foi de 57%. Naquele ano, o Brasil ficou com índice de 55%, ocupando 12.ª posição. Em 2014, o país continuou na mesma posição geral, mas subiu dois pontos porcentuais. A média mundial neste ano foi de 54% de confiança, conforme o estudo.
Metodologia
Foram entrevistadas 33 mil pessoas nos 27 países. Elas foram divididas em duas amostras: público informado e público geral. O primeiro grupo é formado por pessoas entre 25 e 64 anos com formação superior e contato com notícias e políticas públicas. O segundo é composto por pessoas de 18 a 64 anos de todos os extratos sociais. No Brasil, 1,2 mil pessoas foram consultadas 1 mil do público geral e 200 do público informado. Os dados foram apresentados ontem pela empresa em um evento na PUCPR.
Araujo avalia que o resultado da pesquisa reflete a expectativa dos brasileiros sobre as instituições e pode ajudar a explicar fenômenos contemporâneos. "O Brasil é um país em que a cidadania se dá pelo consumo e não pela educação. Por isso existe o rolezinho, por exemplo, que não é um fenômeno social da periferia que quer ocupar o centro ideologicamente. São pessoas que querem comprar", conclui.
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