Os deputados federais Ricardo Barros (PP) e João Arruda (PMDB) disputam a coordenação da bancada paranaense no Congresso. A escolha do novo ocupante do cargo deve ocorrer nos próximos dias e existe a possibilidade de uma disputa eleitoral entre os dois.
O confronto contrapõe um nome mais ligado ao governador Beto Richa (PSDB), Barros, e outro vinculado ao senador Roberto Requião (PMDB), Arruda. Ambos dizem que estão negociando para chegar a um acordo e evitar a votação, que envolveria os 30 deputados federais e três senadores do Paraná.
A última vez em que o coordenador foi escolhido em eleição ocorreu em 2007, quando Dilceu Sperafico (PP) venceu Rodrigo Rocha Loures (PMDB) por 17 a 3. Depois disso, todas as escolhas foram feitas por acordo.
Atribuições
Cabe ao coordenador cuidar do andamento das emendas de bancada dos parlamentares paranaenses ao orçamento da União. Além disso, ele atua como interlocutor da bancada com os governos estadual e federal. Apesar disso, a primeira tarefa vem sendo esvaziada nos últimos três anos, com o contingenciamento das emendas coletivas pela gestão Dilma Rousseff.
Cada bancada estadual pode apresentar até 25 emendas ao orçamento. Em 2014, a soma de todas as indicações dos paranaenses chegou a R$ 7,55 bilhões. Ao todo, os 30 deputados e 3 senadores do Paraná apresentaram 20 emendas de bancada.
Doze delas eram "exclusivas", ou seja, destinadas para ações que não haviam sido predeterminadas pelo Executivo. As outras oito "engordaram" programações já existentes da União e por isso são de mais difícil rastreamento. Nenhuma das 12 exclusivas, que somam R$ 387 milhões, recebeu qualquer valor de pagamento.
"A nossa bandeira deve ser brigar pela extensão do orçamento impositivo às emendas de bancada. Além disso, afinarmos o discurso para a votação do pacto federativo", diz Arruda. O peemedebista é colega de partido do novo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que colocou em pauta a votação final da proposta que estabelece o orçamento impositivo para emendas individuais.
A mudança obriga o governo a executar até R$ 16 milhões em sugestões individuais de cada um dos 513 deputados e 81 senadores. Cunha reforçou que, no futuro, quer ampliar a obrigatoriedade às emendas de bancada.
O trunfo de Ricardo Barros seriam as pontes com o governo estadual. A esposa dele, Cida Borghetti (Pros), é vice-governadora. O irmão, Silvio Barros (PHS), é secretário de Planejamento.
"Este é um ano em que quero dedicar todos os meus esforços a levar dinheiro para o Paraná", diz Barros. Apesar da proximidade da gestão Richa, o partido dele, o PP, integra a base de apoio de Dilma na Câmara e comanda o Ministério da Integração Nacional. Antes do carnaval, o deputado também foi escolhido para ser vice-líder do governo.
Barros diz que pode usar a experiência na liderança do governo, que também exerceu nas gestões FHC e Lula, para mobilizar a bancada. "Às vezes é preciso jogar duro até fazermos valer os nossos interesses." A bancada do Paraná é a 6.ª maior do Congresso.
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