Réu na Lava Jato e preso desde o ano passado em Curitiba, José Carlos Bumlai desistiu de arrolar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como testemunha de defesa em processo em que responde por corrupção e lavagem de dinheiro.
O ex-presidente deveria prestar depoimento ao juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sergio Moro, na próxima segunda-feira (14).
Nesta sexta-feira (11), a defesa do pecuarista anexou ao processo uma declaração de duas páginas assinada por Lula nesta quinta-feira, como substituição para o depoimento do ex-presidente. No documento, Lula afirma conhecer Bumlai desde 2002, ano em que Lula disputou e venceu as eleições à Presidência.
O juiz Sergio Moro escreveu, em despacho na tarde desta sexta-feira, aceitou o pedido da defesa de Bumlai mas disse que as declarações de Lula por escrito não terão valor probatório. Segundo Moro, “a praxe é aceitar apenas declarações por escrito quando de caráter meramente abonatório. Declarações que digam respeito aos fatos em apuração devem ser prestadas em Juízo, sob contraditório, para terem valor probatório.”
“Posso assegurar com toda certeza que, durante todo esse período de convivência, nas inúmeras vezes em que estivemos juntos, jamais tratamos de assuntos políticos, muito menos de eventuais interesses do sr. Bumlai junto ao governo, órgãos estatais ou empresas públicas”, escreveu Lula na declaração levada à Justiça.
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Leia a matéria completaO ex-presidente também afirmou não ter tido conhecimento de “eventual interesse” de Bumlai em negócios relativos a sondas de prospecção de petróleo, nem ter manifestado a “quem quer que fosse que esse assunto pudesse causar-lhe problemas”. Disse também nunca ter pedido “ajuda” para que Bumlai fosse protegido.
“Considero José Carlos da Costa Marques Bumlai um homem de bem, honesto e pai de família exemplar, tendo-o na mais alta conta”, escreveu o ex-presidente.
Nesta sexta-feira, Bumlai voltou à carceragem da PF. Ele estava desde terça-feira internado no Hospital Santa Cruz, em Curitiba, passando por exames. Um relatório médico encaminhado à Justiça em fevereiro informou que ele apresentou quadro de hematúrica macroscópica (presença de sangue na urina) e indícios de glaucoma.
Propina na Petrobras
Bumlai foi denunciado no fim do ano passado sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta, por suspeita de participação em esquema de corrupção na Petrobras que teria beneficiado o PT. Ele contraiu em 2004 um financiamento de R$ 12 milhões com o banco Schahin, cujos valores foram transferidos para pessoas ligadas ao PT.
O Ministério Público sustenta que a quitação desta dívida foi vinculada à assinatura de um contrato em 2009 pela Schahin Engenharia com a Petrobras, para operação do navio-sonda Vitoria 10.000. O empréstimo teria sido revertido em propina para o partido.
Também foram denunciados parentes do pecuaristas, como seu filho Maurício de Barros Bumlai, a nora Cristiane Dodero Bumlai, três executivos do Grupo Schahin, o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, o lobista Fernando Soares e os ex-funcionários da Jorge Zelada, Nestor Cerveró e Eduardo Musa.
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