Depois de menos de 24 horas no Brasil, o presidente norte-americano, George W. Bush, deixou São Paulo às 18h38, para a seqüencia de uma viagem por mais quatro países da América Latina. Bush leva do Brasil um acordo estratégico firmado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o desenvolvimento de um mercado mundial de etanol.
Bush afirmou, na abertura do discurso em Guarulhos, em São Paulo, onde se encontrou com Lula, que a questão energética é, de fato, uma questão de segurança para os Estados Unidos.
"As pessoas se perguntam por que o presidente dos Estados Unidos se preocupa tanto com combustíveis alternativos, é simples: se dependemos tanto de um só tipo de combustível, dependemos também das decisões dos nossos fornecedores", disse, em referência aos produtores real ou potencialmente hostis aos Estados Unidos, como as nações do Oriente Médio e a Venezuela.
Juntos, Brasil e EUA irão disseminar a tecnologia do combustível para países pobres, como os da América Central, e também definir regras claras para a comercialização e a qualidade do álcool no mercado internacional. "Estou convencido de que os Estados Unidos, com sua grande capacidade tecnológica e empresarial, são uma união estratégica", afirmou Lula.
Comércio
Depois de almoçarem juntos no Hotel Hilton, onde Bush ficou hospedado, o presidente Lula pediu rapidez nas negociações entre Brasil e Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC) e afirmou que o fim das distorções no comércio mundial é o caminho para levar desenvolvimento aos países mais pobres. "Devemos lutar pelo fim dos desequilíbrios que marcam o comércio mundial e agravam as assimetrias entre países", disse Lula.
Lula e Bush fizeram um pronunciamento para a imprensa na tarde desta sexta-feira (9), em São Paulo. Mesmo reconhecendo o desafio de destravar a chamada Rodada de Doha, que trata da redução dos subsídios no comércio mundial, Lula pediu pressa. "É necessário caminhar mais para que Brasil e Estados Unidos cheguem 'ao ponto G' das negociações."
Mais cedo, o ministro das relações Exteriores, Celso Amorim, e a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, assinaram um memorando de cooperação no desenvolvimento do etanol de celulose e para transferência da tecnologia de produção de combustíveis alternativos para outros países.
Discurso alinhado
Bush e Lula se mostraram alinhados no assunto etanol. Em seus pronunciamentos, ambos listaram as vantagens do surgimento de um mercado global de álcool combustível para os dois paises. Bush afirmou que o fato do Brasil produzir etanol a partir da cana-de-açúcar dá ao país uma "vantagem competitiva" na produção do combustível.
"A tecnologia de álcool a partir da cana é mais eficiente", disse Bush, que "parabenizou" o Brasil pela técnica da produção de etanol. "Nos EUA, não temos muita cana. Por isso usamos o milho, o que nos dá problemas diferentes do que os que vocês enfrentam. Eu acredito que vocês continuarão descobrindo novas tecnologias de combustível", afirmou.