Distrito Federal
Justiça quebra sigilos do bicheiro e da Delta
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal quebrou os sigilos bancário e fiscal do contraventor Carlinhos Cachoeira, da Delta Construções e de mais sete pessoas denunciadas na Operação Saint-Michel. A informação foi publicada na edição de sábado do Correio Braziliense. Além de quebrar os sigilos dos envolvidos, a Justiça também bloqueou os bens.
Na quarta-feira, todos já haviam sido denunciados pelo Ministério Público do DF por formação de quadrilha e tráfico de influência. Eles são acusados de tentarem obter de maneira ilegal um contrato de bilhetagem eletrônica do transporte coletivo no governo local.
Depoimento
Um repórter e um fotógrafo ou cinegrafista por veículo, e por vez, poderão ter acesso à sala onde o bicheiro Carlinhos Cachoeira prestará depoimento no Senado. Quem ficar de fora acompanhará a fala do contraventor por um telão. Cachoeira irá a CPMI na terça-feira.
Se o Supremo Tribunal Federal (STF) negar o pedido feito na sexta-feira pela defesa do contraventor Carlos Augusto Ramos para ser adiado o depoimento dele na CPMI, terça-feira será dia de espetáculo no Congresso. Na apertada sala onde funciona a CPMI do Cachoeira, 64 parlamentares, entre titulares e suplentes, vão se acomodar, e jornalistas e assessores irão se espremer, para ver o ator principal da investigação aparecer em público pela primeira vez desde que foi preso, em 29 de fevereiro deste ano.
Ainda que Cachoeira não consiga adiar o depoimento, a expectativa é que ele não deve falar nada, conforme adiantou seu advogado, Márcio Thomaz Bastos, ex-ministro da Justiça no governo Lula. A Constituição assegura a Cachoeira o direito de permanecer calado, uma vez que irá depor na condição de investigado, e não como testemunha. Em outras CPIs, quando isso ocorreu, os parlamentares acusaram os depoentes de querer esconder algo. Também não faltavam apelos emocionais, citando filhos e a família dos acusados, tentando constrangê-los.
A previsão é que Cachoeira chegue para depor direto do Presídio da Papuda, onde está preso em Brasília, às 8h e entre por uma porta lateral. O depoimento é tão aguardado que o presidente da CPMI, o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), restringiu o acesso à sala a poucos. Além dos parlamentares, só um repórter e um fotógrafo ou cinegrafista por veículo de imprensa, e por vez, poderão ouvir o contraventor.
Se ocorrer, o depoimento de Cachoeira será o primeiro aberto desde que a CPMI começou a funcionar. Para manter o sigilo dos inquéritos das operações Dallas e Monte Carlo, até agora os depoimentos foram a portas fechadas.
Já o depoimento de Cachoeira será transmitido pela TV Senado, e as imagens poderão ser retransmitidas por TVs abertas ou a cabo.
Uma ocasião para que parlamentares tenham a chance de mostrar a seus eleitores que estão inquirindo, contestando, demonstrando interesse em esclarecer a verdade de mais esse escândalo.
A comissão que apura as ligações de Carlinhos Cachoeira com o mundo político e empresarial conta com parlamentares iniciantes em CPMIs desse tipo e outros com um currículo marcado por investigações importantes. Alguns, como o senador Pedro Taques ou os deputados Fernando Francischini (PSDB-PR) e delegado Protógenes (PCdoB-SP), embora exercendo seus primeiros mandatos, têm experiência em lidar com questões criminais porque foram procurador de Justiça (Taques) ou delegados da Polícia Federal, respectivamente.
Outros, com alguns anos de mandato, como é o caso do senador Benedito de Lira (PP-AL) ou Ciro Nogueira (PP-PI), resumem suas participações a figurantes. Do lado oposto, há os deputados e senadores que falam em voz alta. Caso dos deputados Silvio Costa (PTB-PE) e Onyx Lorenzoni (DEM-RS).