A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal aprovou nesta terça-feira (7), por 22 votos a favor e 1 voto contra, após cerca de três horas de questionamentos, o nome de Alexandre Tombini para o comando do Banco Central no governo da presidente eleita Dilma Rousseff, que tem início em 2011.

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Para ser confirmado, porém, Tombini ainda tem de ter sua indicação referendada pelo plenário do Senado Federal, o que pode acontecer ainda nesta terça-feira. Depois, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem de encaminhar um decreto exonerando Henrique Meirelles do cargo, e nomeando Tombini para a função.

Deste modo, Tombini continua como diretor de Normas até a publicação do decreto presidencial e participa normalmente da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que determina os juros básicos da economia, prevista para hoje e para esta quarta-feira (8).

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Estabilidade da moeda

Em seu depoimento à CAE, Tombini afirmou que a estabilidade do poder de compra do real é uma conquista da sociedade brasileira, e acrescentou que sua manutenção é um desafio permanente, cuja responsabilidade recai sobre todo governo, mas principalmente sobre o Banco Central - responsável por fixar os juros básicos da economia para atingir as metas de inflação pré-determinadas.

"Hoje há consenso de que é falso o dilema que contrapunha o crescimento econômico à estabilidade de preços. A própria experiência da economia brasileira ajuda a refutar esse dilema. Nos últimos anos, consolidamos a inflação em um patamar baixo e observamos o crescimento médio muito maior, quando comparado às décadas passadas, quando vivíamos com inflação elevada", disse Tombini aos senadores.Autonomia operacional "plena"

Ele afirmou ainda ter "autonomia operacional plena" para definir a taxa básica de juros e perseguir as metas de inflação. "Para isso [assegurar o poder de compra da moeda], a presidente eleita conferiu autonomia operacional plena ao Banco Central para perseguir o objetivo definido pelo governo, por meio do Conselho Monetário Nacional, de meta de inflação medida pelo IPCA de 4,5% para os próximos dois anos", afirmou.

Mudança nos compulsórios

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Ele também afirmou que as alterações nos depósitos compulsórios anunciadas na última sexta-feira, com a retirada de R$ 61 bilhões da economia, têm impacto na economia e, consequentemente, afetam as condições de definição da política monetária (taxa de juros).

"Reconhecemos que elas têm impacto na economia, na demanda agregada, e consequentemente afeta as condições em que se define a política monetária [definição dos juros]", afirmou Tombini aos senadores. Embora as medidas tenham cunho "macroprudencial" (evitar a formação de bolhas no mercado de crédito), ele acrescentou que há um reconhecimento que elas têm impacto na economia e que isso deve ser levado em consideração na fixação das politicas macroeconômicas.Taxa de câmbio

Tombini afirmou ainda que o Brasil não pode deixar "simplesmente" que outros países determinem a direção da taxa de câmbio brasileira. "Temos de trazer mais proximidade do câmbio flutuante em relação aos fundamentos da economia, e não simplesmente deixar que políticas de outros países determinem a direção dessa importante variável economica. [O câmbio] é flutuante, mas é flutuante em relação aos fundamentos econômicos do país", declarou.

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