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A Caixa Econômica Federal identificou o suposto mandante da quebra do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. O nome foi enviado à Polícia Federal, elevando para três o número de suspeitos: o mandante e dois funcionários que teriam acessado a máquina de onde saiu o extrato na noite de quinta-feira da semana passada.

Embora tenha divulgado pela manhã que tinha conseguido intimar um dos dois funcionários da Caixa suspeitos de violar o sigilo do caseiro, a PF informou na tarde desta sexta-feira que os dois não estão em Brasília. Segundo a PF, eles estariam numa missão fora da capital e que um deles foi intimado através de terceiros, mas não comparecerá nesta sexta para depor, como era esperado, por não estar na cidade.

A PF informou ainda que o computador de onde saíram os dados da conta do caseiro não está em Brasília. Segundo a própria PF, a Caixa Econômica Federal prometeu entregar o equipamento, que estaria em São Paulo, ainda nesta sexta. Em nota oficial divulgada nesta quinta, a Caixa informou que a máquina usada para acessar a conta de Francenildo ficava na sede da estatal, em Brasília. Segundo a PF, a Caixa não explicou o motivo da retirada do computador de Brasília.

Outros dois funcionários e dois advogados da Caixa prestaram depoimento na PF nesta sexta por cerca de seis horas. Na saída, eles não quiseram dar detalhes da sindicância que apura a violação do sigilo do caseiro. Um deles, o advogado Jailton Zanon, limitou-se a dizer que os quatro foram prestar informações técnicas na área de informática.

- A gente veio aqui para prestar informações técnicas na área de informática solicitadas pela Polícia Federal. Não podemos falar mais nada - disse Zanon.

Outro funcionário confirmou que o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, prestará depoimento à PF, mas não disse quando. Rumores sobre pedido de demissão de Mattoso foram negados na quinta-feira, tanto pela Caixa quanto pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pressionados pelos jornalistas que os acompanharam da PF até a sede da Caixa, um deles reclamou da imprensa:

- Eles (a imprensa) não se contentam com nada - reclamou.

Além de Zanon, estiveram na PF o presidente da Comissão de Sindicância que investiga a quebra de sigilo, Marcos César Casali, o gerente nacional de Segurança de Informação, Delfino Natal, e o advogado Elton Nobre. A PF chegou a divulgar no início da manhã que os dois suspeitos estavam prestando depoimento, mas depois corrigiu a informação.

- A própria mídia diz que eles estão sendo usados. Não queremos nos envolver num novo caso de escola-base. Antes de divulgar os nomes, precisamos saber se eles têm ou não culpa - disse um funcionário ligado à cúpula do PF, referindo-se ao caso da escola paulista cujos diretores foram acusados injustamente de abusar de crianças.

O caseiro ganhou notoriedade ao contradizer o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, em depoimento na CPI dos Bingos. Extratos de uma conta do caseiro na Caixa foram divulgados ilegalmente. Os extratos mostram que Francenildo, que ganha R$ 600 por mês, tinha cerca de R$ 20 mil na conta no dia 16 de março. A PF investiga tanto a quebra ilegal do sigilo quanto a origem do dinheiro.

Nesta sexta, senadores da oposição acusaram o governo de usar a força do Estado para perseguir um cidadão comum como o caseiro. Para a oposição, o Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) normalmente só denuncia movimentação financeira acima de R$ 100 mil, mas no caso de Francenildo, o Coaf estranhou uma movimentação em torno de R$ 25 mil e enviou relatório à Caixa Econômica Federal.

Por entender que o órgão está usando tratamentos diferentes para aliados e adversários do governo, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), apresentou requerimento para que o Coaf apure também a origem do dinheiro usado pelo presidente do Sebrae, Paulo Okamotto, para pagar uma dívida de R$ 29.400 de Lula com o PT.

O secretário-executivo da CPI dos Bingos, José Augusto Panicetti, enviou ofício à PF solicitando informações sobre o inquérito. O delegado Rodrigo Gomes informou que só vai dar as informações se o pedido for feito diretamente pelos parlamentares da comissão.

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