Contrariando o parecer do Conselho de Ética, o ex-presidente da Câmara João Paulo Cunha (PT-SP), acusado de ter sido beneficiado de recursos do valerioduto, foi absolvido nesta quarta-feira no plenário. Dos 483 deputados que votaram, 256 foram contra a cassação e 209 a favor do arquimento do processo. Foram contabilizados sete votos brancos, dois nulos e nove abstenções.
Autor de um dos relatórios mais duros e consistentes do Conselho de Ética, o deputado Cezar Schirmer (PMDB-RS), que acusou João Paulo de ter sido beneficiado por recursos do valerioduto, de mentiras e de omissão, também não poupou João Paulo ao fazer a leitura de seu relatório no plenário. Logo no início de sua fala, Schirmer disse que "o contraditório foi levado à exaustão e que a defesa foi constituída na forma da lei e da Constituição". E respondeu de forma dura ao petista, que o acusou de mentir no relatório:
- Eu não minto, deputado. Vossa Excelência não me conhece. Não somos iguais.
Ao fazer sua defesa em tom emocionado no plenário, João Paulo pediu desculpas a Schirmer.
- Quero pedir desculpas se o ofendi e estender aos seus companheiros e família. Peço desculpa pois o que fiz não é do meu feitio, receba de bom coração - afirmou o petista.
Pensou em renunciar
João Paulo revelou que pensou em renunciar ao mandato no início da crise, mas disse que pensou em seu pai e decidiu lutar por sua biografia. Ele afirmou ainda que sofreu e sofrerá muito pelo que está passando, que o processo de cassação de seu mandato tem sido muito duro. Segundo ele, a política é tão dura quanto a guerra.
- Só que na guerra se morre uma só vez - completou.
Schirmer foi duro
O petista voltou a dizer que o relatório de Schirmer foi muito duro com ele e negou que tenha tomado medidas para prejudicar o povo ou sabendo que daria prejuízo ao Erário.
O relatório de Schirmer, que recomendou a cassação de João Paulo, foi aprovado por nove votos a cinco no Conselho de Ética. Schirmer disse que João Paulo não rebateu os principais pontos de seu relatório: o saque de R$ 50 mil das contas do empresário Marcos Valério por Márcia Cunha, mulher do acusado, no Banco Rural, a ocultação de informações (primeiro ter dito que Márcia fora ao banco resolver um problema com a fatura da TVA e só depois admitir o saque) e o contrato da Câmara dos Deputados com a empresa de Valério.
Pelos corredores do Congresso na terça-feira, alguns parlamentares apostavam na absolvição do petista.
- O resultado é imprevisível. A gente não sabe o que pode influenciar uma votação como esta - dizia João Paulo Cunha na manhã de terça-feira.
A aposta de petistas e aliados é que, além dos votos desse grupo, João Paulo poderá ser favorecido pelas amizades que conquistou durante os dois anos em que foi presidente da Câmara. Mas a seqüência de absolvições aprovada pelo plenário nas últimas semanas é justamente o que pode levar à cassação de João Paulo Cunha. Além disso, teria ficado clara a mentira de João Paulo ao negar o dinheiro recebido de Marcos Valério, o que pode ser fatal para ele.
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