A Câmara dos Deputados não cumpriu sua pauta prévia de votações nesta terça-feira (27) e adiou a apreciação de projetos sobre a segurança pública. Agora, o assunto voltará a ser discutido somente na semana que vem. Mais cedo, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara (CCJ) já havia adiado a votação de dois projetos de segurança. Restará ao Senado nesta quarta (28), por meio da sua CCJ, tentar votar a proposta que trata da redução da maioridade penal. Mas um acordo entre os senadores pode adiar também esta votação.

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Sem acordo, os líderes partidários da Câmara decidiram não votar nesta terça no plenário o projeto que acaba com a prescrição retroativa ao crime, mecanismo em que o tempo da pena de um criminoso começa a contar a partir do recebimento da denúncia ou da data do crime cometido, antes de ocorrer o julgamento.

Segundo o projeto, a prescrição do crime passa a valer somente após a data da publicação da sentença do acusado. Uma nova reunião foi marcada para quinta-feira (1) para discutir o assunto. Segundo o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), o tema voltará para o plenário na próxima segunda (5). "Houve uma ponderação dos líderes dada a complexidade do assunto", disse.

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A CCJ também adiou a votação do projeto que dobra de 360 para 720 dias o período de reclusão no regime disciplinar diferenciado (RDD), de segurança máxima, aos presos envolvidos com organização criminosa dentro da cadeia.

Integrantes da CCJ pediram vista coletiva (mais prazo para analisar o projeto), autorizada pelo regimento da Câmara. A comissão deve retomar a discussão do projeto, aprovado no Senado em 2006, na próxima semana.

O RDD, considerado o modelo mais rígido dentro das penitenciárias, determina o recolhimento do preso em cela individual, visitas mensais com, no máximo, dois familiares, separados por vidro e comunicação por meio de interfone, banho de sol de até duas horas diárias, sem direito a conversa com outros presos, proibição de entrega de alimentos, bebidas, entre outras coisas. A proposta, se for aprovada na CCJ, seguirá para o plenário da Câmara.

Ainda estava na pauta da CCJ desta terça o projeto que concede o direito à delação premiada a um preso condenado. Ou seja, o preso poderia diminuir sua pena se colaborasse com as investigações. Hoje, somente pessoas denunciadas ou sob investigação têm direito a esse benefício. A votação da proposta, porém, também foi adiada.

Redução da maioridade

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Já a CCJ do Senado deve votar nesta quarta (28) as propostas sobre a redução da maioridade penal. O relator dos projetos, senador Demóstenes Torres (PFL-GO), defende a redução da maioridade dos 18 para 16 anos em caso de tortura, tráfico de drogas, terrorismo, entre outros crimes considerados hediondos.

Na segunda-feira (26), um grupo de parlamentares e representantes de entidades de defesa da criança e do adolescente pediu ao presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que tente convencer o presidente da CCJ, Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), a adiar a votação. ACM, no entanto, já declarou que o tema será votado de qualquer maneira na quarta.

Propostas votadas

Na semana que antecedeu o carnaval, a Câmara e o Senado aprovaram cinco projetos sobre segurança pública em resposta à cobrança para votar propostas que tratam do tema após a morte do menino João Hélio, de 6 anos, no Rio de Janeiro, que foi arrastado por um carro por 7 km depois de um assalto na semana passada.

Desses cinco, dois são ligados ao menor de idade (pelo menos um é suspeito de envolvimento com a morte do menino no Rio), um trata de crime hediondo, outro é relacionado ao uso de telefone celular em presídios e um proíbe o bloqueio de verbas do Orçamento da União destinadas à segurança pública.

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Nenhum deles, porém, entrará em vigor agora. Os projetos aprovados na Câmara ainda precisam ser votados pelo Senado, e os que foram apreciados pelos senadores necessitam de análise por parte dos deputados.