A Câmara de Curitiba aprovou a prestação de contas do ex-prefeito Cassio Taniguchi referente ao ano de 2001 sob protestos da bancada de oposição. A articulação do grupo petista não surtiu efeitos devido a falta de documentos que comprovassem qualquer conduta inadequada. A tese sustentada pelos petistas era baseada nos relatórios do Tribunal de Contas.
O líder do PT, vereador André Passos (PT), antes da sessão, dizia ter dados que ligariam o ex-prefeito a atos ilícitos. De posse de papéis do TC, Passos buscou a atenção dos vereadores citando o parecer do auditor Roberto Macedo Guimarães que apontava déficit orçamentário de R$ 3,8 milhões e pedia a desaprovação das contas do executivo municipal.
O vereador Mário Celso Cunha (PSDB), ex-líder de Taniguchi, compareceu na sessão munido de documentos. "O tribunal não apontou nenhum erro. Os R$ 3,8 milhões foram cedidos pelo FDU em 2001, mas entraram nos cofres da prefeitura apenas em 2002. Se alguém pegar as contas desse ano vai encontrar o recurso questionado", argumentou Mário Celso.
Aliado da bancada de oposição na votação, Paulo Salamuni (PV) não aceitou as explicações do ex-lider. O vereador do PV utilizou argumentos do Ministério Público que chegou a mover uma ação sobre as contas de 2001 contra Taniguchi. Mas a exemplo de Passos, Salamuni não trouxe nada que incriminasse o ex-prefeito.
Sem conseguir atingir diretamente Taniguchi, a vereador Professora Josete (PT) questionou os motivos que levaram a administração investir apenas 22% em Educação. Mário Celso disse que a diferença deve-se ao fato de o Tribunal de Contas não aceitar os gastos com a merenda escolar.
A oposição, desarmada, buscou outra tática. Passou a acusar Taniguchi de ter deixado uma "herança maldita" para o atual prefeito Beto Richa de R$ 52 milhões de contas a pagar. Salamuni afirmou que R$ 28 milhões em precatórios não foram honrados no ano passado e ficaram para serem pagos pela atual administração.
Passos fez coro com Salamuni e afirmou que Taniguchi seria o único responsável pela falta de investimentos na cidade neste ano a atual administração vai investir apenas 15% do programado pelo orçamento do ano passado.
Segundo o atual secretário de Finanças, Luiz Sebastiani, Curitiba gastou menos este ano em obras por não fechar o empréstimo com o BID e por não receber verbas do Fonplata.
No início de 2006, os vereadores irão analisar outra prestação de contas: a do ex-prefeito Rafael Greca, referente ao último ano de sua gestão, em 96. Após a análise do Departamento Jurídico, os processos estarão disponíveis nas salas das comissões por um prazo de 90 dias para a comunidade analisar.
Segundo o ex-secretário de Finanças de Taniguchi, Carlos de Carvalho, Greca deixou um furo extremamente alto. "As dívidas engessaram o primeiro ano do Cassio e muitas obras deixaram de ser executadas. Após a aplicação de uma política de austeridade nos anos seguintes e com o aumento da receita, os investimentos na cidade foram retomados", justifica Carvalho.