A jornalista Cláudia Queiroz Guedes, mulher do presidente da Câmara de Curitiba, João Cláudio Derosso (PSDB), disse ontem ter consultado a procuradoria jurídica da Casa antes de realizar a renovação do contrato de sua empresa com o Legislativo municipal, quando já era casada com o dirigente da Casa. Dona da agência de propaganda Oficina da Notícia, Cláudia venceu uma licitação para prestar serviços de publicidade para a Câmara em 2006. Até o início deste ano, ela administrou R$ 5,1 milhões da verba publicitária da Casa.
A declaração de Cláudia foi dada ontem em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades nos contratos de publicidade da Câmara.
A renovação do contrato é um dos pontos mais polêmicos de toda a crise na Câmara de Curitiba. Em 2008 e 2009, a Câmara prorrogou um contrato que tinha com a empresa sabendo que a proprietária tinha relação afetiva com Derosso. Em 2006, data da licitação, os dois alegam que ainda não estavam juntos.
Cláudia, que compareceu ontem acompanhada do advogado Marcelo Ciscato, disse que já previa que sua relação com Derosso poderia gerar questionamentos sobre a prorrogação dos contratos. Entretanto, ela diz ter consultado tanto os procuradores da Casa quanto o advogado José Cid Campêlo Filho, e que ambos teriam dado aval para a renovação. De acordo com a jornalista, como o contrato estava sendo executado a contento e como seu relacionamento com Derosso começou depois da licitação, os advogados entenderam que não existiam motivos para não prorrogá-lo. A CPI requisitou a apresentação desses pareceres.
Procurado pela reportagem, Cid Campêlo confirmou que foi procurado pela jornalista. No entanto, ele afirmou que, em razão do sigilo profissional, não pode comentar o caso.
Funcionária
No depoimento, Cláudia confirmou ainda que trabalhou na Câmara como funcionária comissionada entre fevereiro e abril de 2006, prestando assessoria às comissões. Ela teria sido indicada para o cargo pelo ex-vereador Luiz Ernesto (PSDB). De acordo com seu depoimento, ela ficou sabendo da licitação pelo jornal Diário Popular enquanto era funcionária, e pediu sua exoneração para participar do processo. Ela disse também desconhecer que a lei proíbe a participação de servidores em licitações lançadas pelos órgãos públicos nos quais trabalham.
Cláudia disse ainda que a decisão de incluir serviços de publicidade na razão social de sua empresa aconteceu antes de ela decidir participar da licitação. Segundo a jornalista, a empresa estava crescendo e já prestava esse tipo de serviço, e começou o processo de mudança em janeiro de 2006. Segundo relatório do Tribunal de Contas do Paraná (TC), a empresa mudou sua razão social para poder prestar serviço de publicidade 21 dias antes do início da licitação. Antes, a empresa era uma assessoria de comunicação.
A jornalista afirmou ainda que a empresa dela fazia informes, editais e até reportagens para serem publicadas, mediante pagamento da Câmara, em diversos veículos de comunicação da capital. De acordo com ela, a decisão sobre quais veículos receberiam dinheiro da Câmara era tomada pela Oficina da Notícia e pela administração da Casa.
Ela afirmou que havia veículos indicados pelos vereadores para receber publicidade da Casa, mas que nenhum deles, nem mesmo Derosso, entrava em contato diretamente com a empresa dela. De acordo com a jornalista, cabia aos diretores administrativos da Câmara, Relindo Schlegel e João Carlos Milani, fazer essa intermediação. Cláudia destacou que toda a relação da empresa dela com a Câmara era feita com a direção administrativa, sem envolver a presidência e os outros vereadores.
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