André Vargas: "Ceifaram um pedaço de minha vida"
Cassado pelo plenário da Câmara dos Deputados, André Vargas (sem partido-PR) disse à reportagem nesta quarta-feira (10) que "ceifaram um pedaço" de sua vida com a decisão. Ele é acusado de envolvimento com um dos pivôs do escândalo de desvio de recursos da Petrobras.
O deputado federal, que está em São Paulo, afirmou que a cassação será "mais um parâmetro para os demais julgamentos que virão com a delação premiada". Vargas afirma ainda que a situação é "muito dolorida" e que pretende arrumar um trabalho e cuidar de sua família. "Seguir em frente".
Com a cassação, ele não poderá disputar eleições até 2022, como determina a Lei da Ficha Limpa.
Processo da Labogen é suspenso por 30 dias
Amanda Audi
O juiz Sérgio Moro decidiu paralisar por 30 dias o processo que apura exportações e operações de câmbio fraudulentas em nome do laboratório Labogen apontado como um dos estabelecimentos utilizados pelo doleiro Alberto Youssef para lavar dinheiro desviado de contratos de obras públicas. Moro afirma que, para emitir sentença neste caso, deverá "aguardar pela eventual homologação" do acordo de delação premiada de Youssef pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Por ter firmado o acordo, o doleiro poderá ter benefícios no cumprimento das penas. O caso envolvendo a Labogen foi o estopim para a cassação do mandato do ex-deputado André Vargas, decidido ontem. Vargas foi acusado de ter intermediado contratos entre a Labogen e o Ministério da Saúde.
O plenário da Câmara dos Deputados cassou nesta tarde o mandato do paranaense André Vargas (sem partido). Foram 359 votos favoráveis à cassação, 1 contra e 6 abstenções. Vargas respondeu processo por quebra de decoro pelo envolvimento com Alberto Youssef, preso na operação Lava Jato. O único voto favorável a Vargas foi do deputado Zé Aírton (PT-CE).
Entenda as relações de André Vargas com o doleiro Alberto Youssef
Com mais de três horas de duração, a sessão foi marcada por uma série de manobras para tentar encerrá-la sem uma decisão. Se não fosse cassado, Vargas não seria alcançado pela inelegibilidade de oito anos prevista na Lei da Ficha Limpa e poderia voltar a participar de eleições a partir de 2016.
Defensor de Vargas na Comissão de Constituição e Justiça, José Mentor (PT-SP) presidiu interinamente a discussão e chegou a encerrar a sessão, após duas horas de duração, por falta de quórum (havia 230 presentes, quando eram necessários 257). Na sequência, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), restabeleceu os trabalhos.
Vargas não compareceu, nem indicou um advogado ou colega para defendê-lo. Com isso, Eurico Júnior (PV-RJ) foi designado "a contragosto" para ler a defesa que já havia sido apresentada pelo paranaense na CCJ. Segundo Alves, Vargas faltou à sessão por estar hospitalizado, em recuperação de uma cirurgia.
Vargas é acusado de favorecimento de Youssef em negócios com o governo federal. O deputado teria intermediado interesses do laboratório Labogen, de propriedade do doleiro, com o Ministério da Saúde. O elo entre os dois veio à tona com a divulgação de escutas que mostravam que o ex-petista viajou com a família para o Nordeste, de férias, em um avião arranjado por Youssef.
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