Brasília (Folhapress) – O plenário da Câmara cassou na noite de ontem, em votação secreta, o mandato do deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor das denúncias do esquema do "mensalão". Foram 313 votos contra 156. Eram necessários 257 para a perda do mandato. Num total de 489, houve 13 abstenções, 5 votos em branco e 2 nulos. Outros 24 deputados não compareceram à sessão.

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"Esta é última semana de inverno. A primavera está chegando", disse Jefferson, segundo seus assessores, ao saber do resultado. Ele se torna o primeiro parlamentar envolvido no mensalão a perder o mandato, na atual crise, por deliberação do plenário.

O petebista fica agora inelegível até 2015 e só poderá concorrer a cargo eletivo, na melhor das hipóteses, nas eleições municipais de 2016. Jefferson, que há 23 anos é deputado federal, foi o responsável pelo surgimento da pior crise política do governo Luiz Inácio Lula da Silva ao denunciar o suposto esquema de pagamento de mesada pelo PT a deputados de partidos aliados.

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Outras punições

A cassação do petebista deve marcar o início de uma série de punições contra deputados acusados de envolvimento no mensalão. O próximo da fila deve ser o ex-ministro José Dirceu (PT-SP), que ontem foi acusado por Jefferson de tratar o Congresso com um prostíbulo quando chefiava a Casa Civil.

Outros três deputados – além de Dirceu, Sandro Mabel (PL-GO) e Romeu Queiroz (PTB-MG) – já sofrem processo de cassação no Conselho. Outros 13, entre eles seis petistas, devem ter os processos abertos nos próximos dias. Alguns podem renunciar. O plenário da Cãmara cassou ontem o mandato do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) por 313 votos a favor e 156 contra. O presidente licenciado do PTB é o primeiro parlamentar envolvido no caso mensalão a ser punido na Câmara e ficará inelegível até 2015.

Ataques a Lula

Antes da votação, Jefferson fez um duro discurso contra o governo Lula. Disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva cometeu o crime da "omissão" e buscou conquistar um apoio de última hora dos deputados ao acusar o governo de tentar transferir a responsabilidade pelo escândalo para o Congresso. "Estamos em uma guerra fratricida, sanguinária, entre nós, quando a corrupção está na praça do lado de lá, de lá partiu a corrupção, do lado de lá", disse Roberto Jefferson.

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O petebista, que estava no seu sexto mandato consecutivo como deputado federal, denunciou o esquema do "mensalão" no dia 6 de junho e abriu a maior crise política no país desde a posse de Lula.

"Tirei a roupa do rei, mostrei ao Brasil quem são esses fariseus, mostrei ao Brasil o que é o governo Lula, mostrei ao Brasil o que é o Campo Majoritário do PT", afirmou o deputado.

"O meu conceito do presidente Lula é que ele é malandro, ele é preguiçoso. O negócio dele é ó [fez um gesto de avião com a mão], passear de avião, governar que é bom ele não gosta. (...) Se não praticou o crime por ação, pelo menos por omissão", afirmou Jefferson, para quem o ex-ministro José Dirceu "tratou a Câmara" como "um prostíbulo".