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BRASÍLIA - O deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) teve o mandato cassado nesta quarta-feira pelo plenário da Câmara. Acusado pelo Conselho de Ética de quebra de decoro por não ter provado as acusações feitas contra outros parlamentares e também por ter admitido que recebeu dinheiro de caixa 2 para campanha eleitoral, o petebista fica inelegível por oito anos. Foram 313 votos pela cassação e 156 contra, além de 13 abstenções, cinco votos em branco e dois nulos. Jefferson é o primeiro deputado a ser cassado após o início do escândalo que envolve o governo e os partidos da base.

A votação foi por meio de cédula e secreta. Quando a contagem de votos atingiu os 257 necessários para a cassação, o plenário não esboçou qualquer reação.

Estão em andamento no Conselho de Ética mais três processos de cassação: contra José Dirceu (PT-SP), Sandro Mabel (PL-GO) e Romeu Queiroz (PTB-MG). Outros 13 parlamentares são acusados de quebra de decoro pelo relatório parcial das CPIs dos Correios e do Mensalão e também correm risco de perder o mandato. Além deles, Carlos Rodrigues e Valdemar Costa Neto, ambos do PL, renunciaram ao mandato antes que o processo de cassação fosse aberto.

Antes do início da votação, Jefferson fez um discurso em tom de despedida, apoiado por uma claque barulhenta de integrantes da juventude petebista de vários estados do país, que ocupou as galerias do plenário. Emocionado, ele teve que conter as lágrimas quando falou da mãe e da mulher. Durante 41 minutos, o deputado reafirmou suas denúncias, atacou o PT e aumentou o tom das críticas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- O presidente Lula é uma espécie de Genoino na Presidência da República: não sabe o que lê, não sabe o que assina, não sabe o que faz. E confiou a mãos erradas, ao Gushiken e ao José Dirceu, a confiança que o provo do Brasil depositou nele. Errou.

No fim, disse que sai de cabeça erguida:

- Entrego meu mandato na mão dos senhores. Honrei o Parlamento. Não conseguiram provar nada no jornal contra minha honra e minha dignidade pessoal. Saio de cabeça erguida. Com o sentimento da missão cumprida. Tirei a roupa do rei! Mostrei ao Brasil quem são esses fariseus. Mostrei ao Brasil o que é o governo Lula - disse, sendo aplaudido pelas pessoas que estavam nas galerias do plenário da Câmara.

No começo da sessão, o relator do Conselho de Ética, Jairo Carneiro (PFL-BA), leu um resumo de seu parecer, que pede a cassação do petebista.

- Este é um momento que tem alta significação, uma ocasião em que fazemos um mea-culpa, uma auto-imolação, um juízo sobre a conduta dos nossos pares, em particular do deputado Roberto Jeferson - disse Carneiro, no começo de seu discurso.

O relator citou Jefferson como um parlamentar 'que sabe exercer com habilidade, bravura e inteligência a tribuna', mas destacou que a decisão a ser tomada pelo plenário nesta quarta não deve ter como base a emoção ou a paixão.

- Aqui não será a paixão, nem a emoção, que vai superar as razões que devem ditar a conduta de cada um e o voto e a decisão de cada qual - alertou.

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