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A vereadora Professora Josete (PT) foi contra a proposta: “Não é separando que vamos resolver” | Antônio More / Gazeta do Povo
A vereadora Professora Josete (PT) foi contra a proposta: “Não é separando que vamos resolver”| Foto: Antônio More / Gazeta do Povo

Depois de ter a votação adiada por 50 sessões, o projeto de lei que pede a circulação de ônibus exclusivos para mulheres em Curitiba foi rejeitada ontem pelo plenário da Câmara Municipal . A discussão sobre a proposta começou por volta das 10 horas e durou cerca de três horas. Dos 30 vereadores presentes, 20 votaram contra e sete a favor. Houve três abstenções.

Defendido pela bancada evangélica e rechaçado por vereadores que interpretam a medida como uma agressão à igualdade de gênero, o projeto determinava a reserva de 20% da frota de ônibus de Curitiba para uso exclusivo de mulheres. Os ônibus seriam identificados com a cor rosa – motivo pelo qual chegaram a receber o apelido de "Panterão" – e circulariam nos horários de pico da manhã e da tarde (6h às 9h e 17h às 20h), menos nos sábados, domingos e feriados.

O autor do projeto, vereador Rogério Campos (PSC), disse que a ideia não era obrigar as mulheres a usar os ônibus cor de rosa, mas oferecer uma alternativa para as que não se sentem bem ao compartilhar o espaço com homens no transporte coletivo. "Pode não ser a solução, mas é uma opção de fuga para as mulheres", disse.

Contra

Os vereadores contrários à proposta classificaram a medida como "segregadora" e paliativa, pois não representa uma solução para o problema do assédio e da violência contra as mulheres. "Essa não é a forma de resolver a questão de assédio dentro dos ônibus. Não queremos ser segregadas", declarou a vereadora Professora Josete (PT).

Para ela, a aprovação da proposta representaria um atraso para a sociedade, voltando ao tempo em que meninos e meninas eram separados, inclusive, dentro de escolas. "O assédio não acontece só em ônibus. Ele acontece em diversos espaços, como na rua, no cinema. Não é separando que vamos resolver", afirmou. "Temos que fazer um debate anterior a esse."

Presente na sessão, a secretária municipal de Políticas para Mulheres, Roseli Isidoro, comemorou a derrubada do projeto de lei. "A medida não resolveria o problema", disse a secretária. Ela aproveitou o espaço na tribuna para comunicar o lançamento de uma campanha contra violência de gênero no transporte público de Curitiba. A campanha "Busão sem abuso" terá início no próximo dia 25 de novembro.

Tumulto

A sessão de ontem da Câmara teve um pequeno bate-boca entre um grupo que apoiava o projeto do "Panterão" e feministas contrárias à proposta. "Essa ação não significa uma política afirmativa para romper com determinado preconceito", disse Liliane Coelho, da Marcha Mundial de Mulheres. "Eu sei como é pegar o ônibus cheio", disse a empresária Camila de Souza Nunes, que apoiava o projeto.

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