Sem força para conseguir aprovar no Congresso qualquer pedido de convocação do ministro Antonio Palocci, a oposição à presidente Dilma tem se agarrado a qualquer oportunidade para impedir que o caso esfrie. Ontem, vereadores do PSDB paulistano pediram à prefeitura de São Paulo dados sobre o faturamento e os clientes da empresa Projeto, consultoria do ministro por meio da qual ele conseguiu aumentar seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatro anos.
O pedido foi uma resposta à acusação do ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, de que a prefeitura teria vazado dados sobre o faturamento da consultoria. Os tucanos interpretaram a fala como uma tentativa de jogar no colo do ex-governador José Serra (PSDB) a responsabilidade pela crise envolvendo Palocci.
Com o requerimento, a bancada mostra que está disposta a promover uma investigação sobre a Projeto na Câmara Municipal de São Paulo, já que a Projeto é uma empresa registrada na prefeitura paulistana. "O governo quer desviar o foco da crise, provocada por fogo-amigo do PT fazendo ilações sobre a prefeitura de São Paulo. Estamos dispostos a levar esse assunto às últimas consequências", disse o líder do PSDB na Câmara Municipal, vereador Floriano Pesaro. Para o PSDB, a acusação de Carvalho tem como alvo o secretário de Finanças do município, Mauro Ricardo. Ele foi secretário de Fazenda do Estado no governo de Serra e é ligado ao tucano.
O prefeito Gilberto Kassab não quis comentar as declarações de Carvalho. Ele se aproximou do governo federal ao dar início ao projeto de criar um novo partido, o PSD.
Já no Congresso, a oposição vem tendo todas sua tentativas de convocar Palocci frustradas. Com minoria na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle do Senado, a oposição retirou ontem o requerimento de convocação do ministro. O mesmo foi feito na Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado (CMA). Em contrapartida, os oposicionistas apresentaram um novo requerimento para ouvir o ministro na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
A medida mostra que a oposição no Senado utilizará a mesma tática aplicada na Câmara, a de tentar colocar requerimentos em várias comissões e conseguir aprovar algum deles em um eventual "cochilo" do governo.
Já o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), barrou um pedido de requerimento de convocação de Palocci no plenário da Casa. O pedido foi apresentado pelo PSol na sessão de votação do projeto de Código Florestal.
Paralelamente, PSDB, DEM, PPS e PSol começaram ontem a coletar assinaturas para a instalação de CPI mista (com deputados e senadores) para investigar o caso Palocci. Por ser minoria na Câmara e no Senado, a oposição está ciente de que só vai conseguir instalar a CPI se tiver apoio de parte da base aliada da presidente Dilma Rousseff no Congresso.
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