Uma manobra articulada pelo PMDB permitiu que a bancada governista derrubasse o projeto de conversão do Senado que elevou o valor do salário-mínimo para R$ 384,29. O projeto foi rejeitado nesta quarta-feira pela Câmara dos Deputados por votação simbólica, provocando protestos da oposição. Agora, o valor do mínimo volta a ser de R$ 300, como estava previsto pela medida provisória assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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O deputado José Dirceu (PT-SP) fez questão de ir ao plenário para levantar o braço direito junto com os demais integrantes da base aliada. O gesto conjunto permitiu que o deputado Inocêncio Oliveira (PMDB-PE) - que presidia a sessão - declarasse a rejeição da matéria. Dirceu acompanhou a votação ao lado do deputado João Paulo Cunha (PT-SP).

Na terça-feira, o governo já havia tentado apreciar a matéria por votação simbólica. O objetivo principal era evitar a votação nominal, em que os deputados teriam de assumir publicamente o desgaste político de rejeitar o aumento para R$ 384,29. O valor havia sido aprovado na semana passada por meio de emenda à medida provisória apresentada pelo senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), em mais uma derrota do governo.

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Desta vez, os governistas não vacilaram e, logo pela manhã, combinaram a manobra. No começo da sessão ordinária, o líder do PMDB na Câmara, Wilson Santiago (PB), apresentou requerimento para adiar a votação do projeto de conversão do Senado. Em seguida, pediu-se verificação de quórum para que houvesse votação nominal. Desse modo, a oposição não poderia pedir nova verificação no prazo de uma hora, como prevê o regimento da Câmara.

A partir daí, a estratégia era votar o mais rapidamente possível. Ainda houve tempo para as lideranças orientarem suas respectivas bancadas. Quatro partidos (PMDB, PSDB, PL e PTB) liberaram os filiados para votar como quisessem. O PPS, PSB, PV e PDT defenderam o valor de R$ 384, enquanto PT, PCdoB e PP orientaram o voto contrário. Em seguida, o deputado Inocêncio encerrou a votação sob vaias e gritos da oposição.

O deputado João Fontes (PDT-SE) chegou a bater boca com Inocêncio, que ameaçou denúnciá-lo por quebra de decoro no Conselho de Ética. Fontes acusou o governo de ajudar a "esconder" os deputados que votaram contra o salário de R$ 384. Representante da ala oposicionista do PMDB, o deputado Geddel Viera Lima (PMDB-BA) protestou contra a manobra articulada pelo líder de sua própria bancada. O líder do PSDB na Câmara, Alberto Goldman (SP), resumiu a revolta da oposição:

- Não foi uma vitória honesta.

InterarividadeVocê acha que a oposição se aproveitou da crise no governo para aprovar o salário mínino de R$ 384,29? Ou este valor é justo e deve ser aprovado?Queremos sua opinião. Participe!

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