Depois de uma semana de negociações na Câmara Legislativa, o atual governador interino do Distrito Federal, Wilson Lima (PR), e o candidato do PMDB, Rogério Rosso (PMDB), são apontados pelo deputados como favoritos na disputa das eleições indiretas, que neste sábado (17) definem quem governará o DF até 31 de dezembro. O líder do Partido dos Trabalhadores (PT) na Câmara Legislativa, deputado Paulo Tadeu, confirma a polarização que tomou conta dos bastidores da Casa.
Segundo ele, um grupo que seria ligado ao ex-governador Joaquim Roriz (PSC) teria feito campanha para eleger Wilson Lima, enquanto outras lideranças teriam ser unido num bloco de oposição a ele. "O PT vem se contrapondo a esses dois modelos de gestão que representam Roriz e Arruda. São dois modelos de política que geraram uma das maiores crise do DF", afirmou Tadeu.
O novo governador será eleito pelos deputados distritais, por meio de voto aberto. Para vencer a disputa é necessário obter 13 dos 24 votos, o que abre chances para o segundo turno. O presidente interino da Câmara Legislativa, deputado Cabo Patrício (PT) garantiu que não há possibilidade de que as regras da disputa sejam modificadas na última hora. "A única mudança que pode acontecer é a retirada de alguma candidatura até a hora da votação", afirmou.
Disputam o governo do DF seis chapas, encabeçadas pelos seguintes candidatos: Antônio Ibañez (PT), Rogério Rosso (PMDB), Aguinaldo de Jesus (PRB), Luiz Filipe Coelho (PTB), Messias de Souza (PCdoB) e o atual governador em exercício, Wilson Lima (PR).
Apostas
O Partido dos Trabalhadores (PT) também aposta que se todas as candidaturas se mantiverem haja chance de seu candidato, Antônio Ibañez, ir para o segundo turno, mas já está preparado para que isso não ocorra. "A executiva regional vai se reunir amanhã [sábado (17)] à tarde com parlamentares para deliberar uma posição, caso não se confirme a ida para o segundo turno. A gente não pode sair dessa eleição elegendo uma continuidade da crise", disse Paulo Tadeu.
O deputado Reguffe (PDT) garantiu apoio ao PT nas eleições indiretas, depois que o candidato petista assumiu os compromissos , como a publicação das despesas públicas na internet. "Cheguei a pensar em me abster nos dois turnos. Outros candidatos têm ligações com dois governo anteriores e minha decisão é tentar construir um caminho para o saneamento geral do DF", afirmou Reguffe. Coligações entre chapas são proibidas nas eleições indiretas e antes da votação todos os candidatos terão 30 minutos para discursar no plenário da Câmara e defender suas propostas de governo.
O presidente regional do PRB, Roberto Wagner, também afirmou que faz parte de um grupo de nove partidos que não apóiam a candidatura do atual governador interino. "Temos um objetivo para as eleições de outubro, que não é o mesmo de Wilson Lima. Apesar de ter candidatos diferentes no primeiro turno, esse grupo vai marchar com um candidato único no segundo turno, que não é Wilson Lima", disse Wagner.
Apesar da polarização, ainda há deputados indecisos, como Raad Massouh (DEM), que não escolheu entre os candidatos que, segundo ele, teriam mais condições de chegar ao segundo turno: Wilson Lima e Rogério Rosso. "Para mim, vai valer muito do discurso de cada um. Não tenho definição e estou mais para votar no Lima, mas também não descarto abstenção", disse Massouh.
Crise política
O Distrito Federal enfrenta uma crise política desde que a Polícia Federal deflagrou, em novembro de 2009, a Operação Caixa de Pandora. A PF investiga um suposto esquema de propina no governo distrital, envolvendo o primeiro escalão do Executivo local. As denúncias levaram à prisão e afastamento do então governador José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM) por tentativa de suborno de uma testemunha do caso em fevereiro.
Dias depois, o vice-governador Paulo Octávio (sem partido, ex-DEM) renunciou ao cargo, assumindo interinamente o então presidente da Câmara Legislativa, Wilson Lima. Durante a prisão, Arruda teve o mandato cassado pelo TRE-DF por infidelidade partidária, deixando vago o cargo. Ele foi solto pelo Superior Tribunal de Justiça nesta segunda-feira (12), após dois meses preso.
Conheça os candidatos ao governo do DF
PR: Wilson Lima, atual governador interino do DF, se licenciou da presidência da Câmara Legislativa para assumir o cargo, depois da prisão do ex-governador Arruda (sem partido, ex-DEM) e da renúncia do vice Paulo Otávio (sem partido, ex-DEM).
PT: Antonio Ibañez foi secretário de Educação no governo de Cristovam Buarque e reitor da Universidade de Brasília.
PTB: Luis Filipe Coelho foi ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no DF.
PMDB: Rogério Rosso é ex-presidente da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan).
PRB: Aguinaldo de Jesus é deputado distrital e foi secretário de Esportes do governo de José Roberto Arruda.
PCdoB: José Messias de Souza foi assessor especial do Ministério da Fazenda.
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