Curitiba Não é de hoje que, em vez de discutir as leis que regulam o bom funcionamento da sociedade brasileira, a preocupação primeira de boa parte dos deputados em Brasília é conseguir recursos federais para obras em suas regiões de origem. Nesse sentido, a criação de uma universidade federal em sua base poderia ser uma boa idéia, se não fosse o fato de que mais de 20% dos deputados de todo o país pensaram a mesma coisa. Resultado: hoje tramitam na Câmara 103 projetos que solicitam a criação de instituições federais de ensino superior nos quatro cantos do país cinco delas no Paraná. Em tese, se todos fossem aprovados, isso representaria um aumento de quase 300% nas demandas por recursos financeiros no setor.
Se por um lado, no entanto, os deputados se preocupam com a boa repercussão do projeto em sua base, em última análise, estão cumprindo um papel que deveria ser feito pelo Poder Executivo que, aliás, se propôs a fazer com que, até 2011, 40% das vagas do ensino superior sejam públicas e gratuitas. Na prática, isso significa que, na hipótese de que a rede particular não abra uma vaga sequer em seis anos, seria necessária a abertura de 800 mil a 1 milhão de vagas em escolas públicas nesse período, segundo dados da Associação Brasileira de Reitores de Universidades Estaduais e Municipais (Abruem).
Justificativa
Entre os parlamentares paranaenses, a principal justificativa para embasar os projetos apresentados é a suposta "injustiça histórica" que o Paraná teria em relação a outros estados da federação, sendo sempre citados os exemplos de Minas Gerais que tem 12 instituições federais e do Rio Grande do Sul, com cinco. No entanto, com duas instituições federais Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Centro Federal de Educação Tecnológica do Paraná (Cefet-PR) , o Paraná segue o padrão médio dos estados brasileiros. Além disso, é o quarto estado com o maior número de vagas oferecidas por ano e o sétimo em termos de recursos.
A explicação para o incomum número de instituições em Minas e no Rio Grande do Sul é histórica. Segundo o professor Belmiro Valverde Jobim Castor, Ph.D. em Administração Pública e ex-secretário de estado da Educação e do Planejamento, a disparidade é fruto da vontade pessoal de dois ministros, que "presentearam" seus estados durante suas gestões frente ao Ministério da Educação: o gaúcho Tarso de Moraes Dutra, ministro no governo Costa e Silva; e o mineiro Gustavo Capanema, "superministro" de Getúlio Vargas.
Pouco investimento
O professor explica que, durante muitos anos, o governo do Paraná tentou, sem sucesso, federalizar parte do sistema universitário estadual, para minimizar parte dos cerca de R$ 500 milhões de recursos estaduais gastos em ensino superior que, pela Constituição, é atribuição do governo federal. Castor chama a atenção também ao fato de que muitas das vagas custeadas pelo Paraná são ocupadas por estudantes de outros estados, notadamente São Paulo e Santa Catarina.
Na avaliação do professor, mais do que criar novas universidades federais, o governo deveria se preocupar em investir mais nas já existentes, atualmente deficitárias em termos de infra-estrutura e de corpo docente.
Para o deputado federal Eduardo Sciarra (PFL-PR), que propõe a criação da Universidade Federal do Oeste do Paraná, com sede em Cascavel, o Paraná não pode ser penalizado pelo fato de investir por si mesmo em educação superior e critica o critério político nas escolhas recentes de novas instituições, como a Universidade Federal do ABC, região ligada diretamente ao presidente Lula, e três universidades em Minas Gerais (de Alfenas, do Triângulo Mineiro e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri), considerando que Minas é o estado que já possui o maior número de universidades federais no país.
O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) tem a mesma opinião. Ele conta que, em todas as sessões em que se votam pedidos de universidades, ele pede a palavra para pedir atenção ao projeto de sua autoria, proposto em 2002, que pede a criação da Universidade Federal do Norte do Paraná.
Por enquanto, porém, entre os projetos que contemplam o Paraná, só avançou na tramitação legislativa o que transforma o Cefet-PR em universidade tecnológica. Os demais continuam na nebulosa fila de espera legislativa.
Orçamento
R$ 691,6 milhões é o total de recursos previstos para as universidades e faculdades estaduais paranaenses em 2005. O Paraná tem a segunda maior rede estadual de ensino do país, pouco atrás de São Paulo.
Médicos afirmam que Lula não terá sequelas após mais uma emergência de saúde em seu 3º mandato
Mudanças feitas no Senado elevam “maior imposto do mundo” para 28,1%
Projeto que eleva conta de luz em 7,5% avança no Senado e vai para o plenário
Congresso dobra aposta contra o STF e reserva R$ 60 bi para emendas em 2025
Deixe sua opinião