Câmara questiona verba em educação

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Uma história conhecida dos moradores de Matinhos pode ter reprise nos próximos meses. Em 2002, o prefeito Acindino Ricardo Duarte perdeu o mandato por não ter aplicado os 25% do orçamento em educação, como manda a Constituição. Neste ano, vereadores de oposição prometem usar a mesma denúncia para derrubar o prefeito Francisco Carlim dos Santos (PSDB), o Xiquinho.

"Ele diz até que ampliou o investimento em educação, mas os alunos deixaram de receber livros didáticos e uniforme. Está claro que tem algo errado", diz a vereadora Denise Iwamura (PMDB). Para ela, Xiquinho estaria adotando a prática que já lhe teria rendido um ação penal que caminha no Tribunal de Justiça (TJ) desde 1999. No processo, ele é acusado de fraudar notas fiscais para tentar comprovar gastos que não ocorreram.

Quem segue a mesma linha é o ex-prefeito da cidade, José Maria Correia. Ele afirma que Xiquinho e seu antecessor, Duarte, são suspeitos de desviar em duas décadas mais de R$ 1 milhão por ano. "É o que está na investigação do TJ", afirma. Zé Maria, como é conhecido, foi vice-prefeito de Duarte e nomeado interventor da prefeitura após a sua cassação.

O presidente da Câmara, José Olimpio Bruno da Silva, afirma que já solicitou ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas os dados de comprovação do uso do orçamento apresentados por Xiquinho. "Vamos levar essa história em frente. Mas não vamos deixar de votar as leis que favorecem o município", diz.

Do outro lado, Xiquinho garante que aplicou mais de R$ 8 milhões em educação no ano passado. E que tem como provar o investimento. "Fui, sem qualquer dúvida, o prefeito que mais investiu em educação. Além disso, fizemos convênios importantes, principalmente com a UFPR, para qualificar os nossos professores e melhorar o sistema de ensino."

As acusações, segundo ele, são motivadas por disputas locais. Nesse ponto, o prefeito defende-se sem esforço. Zé Maria foi derrotado por ele nas últimas eleições e a vereadora Denise, que é médica, foi secretária de Saúde na sua última gestão (1997-2000). "Ela sempre se elegeu no meu palanque. Vamos ver como vai ser a partir de agora", alfineta. (AG)